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Contêineres são reaproveitados na construção de empreendimentos em Manaus

A Crítica - 16 de agosto de 2018 916 Visualizações
Contêineres são reaproveitados na construção de empreendimentos em Manaus
O restaurante Meu Capitão agrada os clientes pela proposta de sustentabilidade que une conforto e modernidade (Foto: Marcio Silva)
Sustentabilidade, conforto e economia combinam  o modelo de construção que aos poucos se torna uma tendência entre empresários e amantes da arquitetura moderna:  as construções em contêineres. Em Manaus, existem lojas e restaurantes feitos com o material. Ao redor do mundo, os contêineres ocupam espaço significativo nas construções de casas e empreendimentos. Entenda o processo de construção e veja se cabe no seu orçamento!
Planejamento
A fase inicial requer uma análise do local onde o contêiner ficará. É necessário verificar as ligações públicas de energia elétrica, telefone, passagem de água, etc. Além disso, é imprescindível uma autorização do órgão fiscalizador.
O arquiteto e urbanista Fernando Araujo comenta o  que não pode faltar nesta hora. “Busque um profissional para adequar o container e torná-lo habitável. Conheça a procedência do material, para que sejam feitos testes de radioatividade, pois alguns transportam produtos radiativos”, diz.
Estrutura
O arquiteto Roberto Moita, que possui projetos no segmento dos contêineres revela os bastidores da construção. “Um modo divertido e prático de construir, como se fosse um lego, com peças prontas que você  põe umas sobre as outras e forma pequenos blocos que abrigam os ambientes num desenho mágico. As instalações prediais (água, esgoto e energia) são simples. Devem ser tomados cuidados especiais para o isolamento térmico e acústico, reduzindo os efeitos climáticos no metal”, explica.
Custo
Ainda segundo Moita, o custo da construção pode ser até 25%  mais baixo em relação às construções convencionais.
Inovação
O restaurante Meu Capitão, especializado em espetinhos gourmet é conhecido não só pelo tempero especial dos pratos, mas pela estrutura, construída com contêineres. O proprietário do empreendimento, Eduardo Wnderley  conta que a motivação por esse tipo de construção foi o desejo de inovar e poupar tempo. 
“O contêiner é um material diferente, chama a atenção e já vem com a estrutura pronta, otimizando o tempo de construção. Foi muito mais econômico também.  Cada container custou cerca de R$ 6 mil. E u comprei dois, pois queria fazer uma estrutura com dois andares. Se optasse pela construção tradicional, gastaria mais de R$ 20 mil”, compara.
Ainda segundo ele, os clientes aprovam o ambiente. “Recebemos elogios nas redes sociais e pessoalmente. As pessoas descrevem o Meu Capitão como um lugar simples, aconchegante e ao mesmo tempo moderno”, comenta.
A empresária do ramo imobiliário, Marina Maximo, que irá inaugurar um centro comercial feito de contêiner e alvenaria, descreve como idealizou. “Um centro comercial com um apelo social, contendo praça de alimentação, área para apresentações e eventos, feirinha, etc. Esse projeto sempre me encantou. É um negócio rentável, e ao mesmo tempo  agrega valor à vida das pessoas. Isso é muito gratificante”, resume.
Mercado
Embora os contêineres apresentem um apelo em torno da sustentabilidade e diminuição de custos, o mercado parece estar longe de decolar de vez, e se popularizar entre a população manauara.
Para o estudante de Engenharia Civil e corretor de imóveis, Francisco das Chagas, apesar das vantagens, algumas limitações impedem a expansão desse tipo de modelo. “As vantagens na utilização dos contêineres dentro da construção civil são: rapidez na execução, economia de recursos naturais, reutilização do material, flexibilidade, baixo custo e durabilidade. No entanto, a alternativa ainda não possui mão de obra em expansão suficiente no mercado para popularizar o modelo. Isso exige espaço para manuseio de máquinas, peritos em cortes de estrutura planejada, além do custo que inicialmente pode não corresponder ao ousado projeto que nesses moldes é futurista para o campo civil”, analisa.
Impactos na economia
Um imóvel feito de contêiner pode ser mais econômico e  sustentável para quem adquire. Mas, de modo geral, os impactos não são totalmente positivos. 
O economista Osíris Silva sugere a aplicação de uma política específica. “A construção em containers está na contramão de um mercado que tem de fato alternativas sustentáveis, acessíveis em termos de custo e diversificadas quanto a materiais.  A questão maior reside na ausência de planos habitacionais confiáveis, eficientes, sérios e economicamente viáveis”, comenta.
Adaptações
“Uma  estrutura pronta que precisa  de adaptações para compor os cômodos do imóvel. Comparada à construção civil tradicional, não produz tantos resíduos sólidos como restos de concreto, ferragens, cerâmica, ou mesmo materiais plásticos e tintas. Gera muito menos resíduo sólido e químico. No transporte de cargas, o tempo de vida útil de um container é de cerca de 20 anos. Após esse tempo, ele pode ser reciclado, mas isso gera gastos de energia e acúmulo de resíduos. Ao direcionar os containers para a construção civil, você está adaptando as estrutras, não precisa transformá-las, resultando em menos poluição e menos gastos de energia. É uma construção relativamente mais barata tanto do ponto de vista da mão de obra, quanto material, se comparada à construção civil convencional”, comenta o biólogo Rafael Alonso Salvador.