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Pesquisadores da RMIT University, na Austrália, estudam formas mais sustentáveis de fabricar tijolo

Assessoria de Comunicação - 22 de fevereiro de 2019 899 Visualizações
 Pesquisadores da RMIT University, na Austrália, estudam formas mais sustentáveis de fabricar tijolo
Tijolos feitos com pontas de cigarro ou a partir de subprodutos do processo de tratamento de águas residuais estão entre as propostas do professor sênior da Escola de Engenharia da RMIT, Dr. Abbas Mohajerani
Uma equipe de pesquisadores do Royal Melbourne Institute of Technology (RMIT University), na Austrália, tem avançado em estudos sobre novas formas de fabricar tijolos, um dos itens mais básicos da construção. O primeiro desses estudos, publicado em 2016, mostrou como tijolos de barro feitos com pontas de cigarro podem economizar energia e ajudar a resolver um problema global de produção de lixo. Afinal, trilhões de cigarros são produzidos anualmente em todo o mundo, resultando em milhões de toneladas de resíduos tóxicos sendo despejados no meio ambiente.
Liderada pelo professor sênior da Escola de Engenharia da RMIT, Dr. Abbas Mohajerani, o estudo demonstrou que se apenas 2,5% da produção anual de tijolos do mundo incorporar 1% de cigarro, isso poderia neutralizar completamente a produção anual mundial da droga. Além disso, a adição de pontas poderia reduzir a energia necessária para queima dos tijolos em até 58%.
Os dados, fornecidos pela RMIT University, destacaram que os tijolos incorporados com pontas de cigarro de 1% mantiveram propriedades muito semelhantes às dos tijolos tradicionais. Durante a queima, metais pesados e outros poluentes nas pontas dos cigarros ficam presos e imobilizados nos tijolos, reduzindo os problemas causados pela lixiviação. Incorporar essas pontas em tijolos pode efetivamente resolver um problema global de lixo, pois pontas de cigarro recicladas podem ser colocadas em tijolos sem qualquer medo de lixiviação ou contaminação. Eles também são mais baratos para produzir em termos de requisitos de energia e, à medida que mais barras são incorporadas, o custo da energia diminui ainda mais”, diz o professor.

Em 2019, Mohajerani é o responsável por conduzir um novo estudo na RMIT University sobre a fabricação de tijolos, desta vez, envolvendo a reciclagem de lodo de esgoto tratado. Em janeiro deste ano, a revista Buildings divulgou os resultados da pesquisa, que demonstrou que tijolos de argila incorporando biossólidos (subproduto do processo de tratamento de águas residuais) podem ser uma solução sustentável tanto para a empresas de tratamento de águas residuais quanto para a indústria de fabricação de tijolos. Além de serem mais baratos de produzir, os tijolos de biossólidos também apresentaram uma condutividade térmica mais baixa, transferindo menos calor proporcionando aos edifícios melhor conforto térmico.
Segundo Mohajerani, o estudo buscou duas questões ambientais: os estoques de biossólidos e a escavação de solo necessária para a produção de tijolos. Mais de 3 bilhões de metros cúbicos de terra argilosa são desenterradas a cada ano para a indústria global de tijolos, para produzir cerca de 1,5 trilhão de tijolos, disse o engenheiro. O uso de biossólidos em tijolos pode ser a solução para esses grandes desafios ambientais. É uma proposta prática e sustentável para reciclar os biossólidos atualmente armazenados ou aterrados em todo o mundo”, finalizou.
A pesquisa examinou as propriedades físicas, químicas e mecânicas de tijolos de barro cozido, incorporando diferentes proporções de biossólidos, de 10 a 25%. Os tijolos reforçados com biossólidos passaram por testes de resistência à compressão e as análises demonstraram que os metais pesados estão em grande parte presos dentro do tijolo. Os biossólidos podem ter características químicas significativamente diferentes, por isso os pesquisadores recomendam testes adicionais antes da produção em grande escala.
Além disso, vale ressaltar que os tijolos de biossólido são mais porosos que os tijolos padrão, dando-lhes menor condutividade térmica. A empreitada também mostrou que a demanda por energia de queima de tijolos foi reduzida em até 48,6% para tijolos que incorporam 25% de biossólidos. Isso se deve ao conteúdo orgânico dos biossólidos e poderia reduzir consideravelmente a pegada de carbono das empresas fabricantes de tijolos.