Uma construção que gera a própria energia elétrica, reaproveita a água das chuvas e traz conforto térmico por meio de uma tecnologia inédita desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O projeto de uma escola mais sustentável foi desenvolvido por quatro professores e seis estudantes  de pós-graduação da instituição, e ficou entre os finalistas do Solar Decathlon Design Challenge, nos Estados Unidos. Com isto, atraiu o interesse de um empresa paranaense que deve tirar a ideia do papel.

A escola projetada tem 4.500 m², em uma área no município de Piraquara, região metropolitana de Curitiba. Ela foi pensada utilizar o mínimo de recurso possível. Entre as inovações está um sistema de ar que ajuda no conforto térmico do local, sem a necessidade de ar-condicionado ou aquecedor.

A tecnologia batizada de “capacidade térmica remota”, faz com que o ar externo que circula no subsolo, seja enviado para dentro das paredes do edifício. Com isto a temperatura do ambiente fica mais agradável, já que há menos troca de calor com o ambiente. Os tubos de ar ainda passam por dentro de uma piscina de contenção de cheias, que capta água da chuva para evitar alagamentos no local. “Com esta passagem pela piscina de contenção o processo é acelerado. Esse ar é previamente filtrado e desbacterizado e tem doses certas e locais estratégicos para ser insuflado na construção de modo a trazer a temperatura dos ambientes para a faixa desejada”, explica o coordenador da equipe e professor de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, Aloísio Leoni Schmid.

A parte estrutural do prédio também foi toda pensada para reduzir o impacto ambiental. O material escolhido foi a madeira laminada colada. Este sistema polui menos, já que gera menos resíduos de construção, e é renovável. Além disto, proporciona maior conforto térmico e acústico se comparado ao aço e concreto.

No projeto ainda está prevista a geração da própria energia elétrica por meio de painéis fotovoltaicos, que aproveitam a radiação solar, distribuídos no pátio e nas janelas. “A estrutura também foi pensada para uma região com problemas sociais. Por isso a escola tem refeitórios, biblioteca e auditórios que podem ser usados para integrar a comunidade”, diz o professor Schmid.

O trabalho ficou entre finalistas da competição internacional Solar Decathlon Design Challenge, nos Estados Unidos, com o primeiro lugar na votação de júri popular na categoria Escolas. Com isto atraiu o interesse de uma empresa de galpões da empresa de galpões Portal IC, de São José dos Pinhais (PR). 

De acordo com o Didio Costa da Rocha Loures, diretor de uma das empresa envolvidas no empreendimento, e escola deve ser construída como contrapartida social. “O projeto [da UFPR] é não só inovador em termos de tecnologia, mas foi desenvolvido num contexto de realidade. A proposta veio ao encontro da cultura organizacional dos empreendedores, que se preocupa com as questões sociais”, afirma o diretor.

O condomínio logístico e corporativo tem área total possui 300 hectares, com 150 mil metros quadrados para a construção da escola, que deve oferecer ensino fundamental e médio. A previsão é de que as obras comecem no fim deste ano numa área localizada no Contorno Leste da BR-116, nas proximidades da represa do Rio Iraí, em Piraquara.