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Estudo mostra quando o retrofit gera eficiência energética em edificios

MIT News - 18 de maio de 2016 1561 Visualizações
Estudo mostra quando o retrofit gera eficiência energética em edificios
Pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) descobriram uma forma rápida e inteligente de reduzir o consumo energético e a emissão de gases poluentes de cidades inteiras. Trata-se de uma espécie de retrofit direcionado, onde, com base em poucos parâmetros, identifica-se quais são as edificações que estão consumindo mais gás natural para aquecimento ou resfriamento de ambientes e trabalha-se em pontos de reforma para reduzir esse consumo.
Marta González e Franz-Josef Ulm são professores da área de engenharia civil e sustentável do MIT e foram os encabeçadores da pesquisa, que ainda contou o PhD Mohammad Javad Abdolhosseini e membros de outros cinco institutos do MIT. A primeira informação usada por eles foi a descoberta de que 44% da energia consumida em edificações nos Estados Unidos é para sistemas de aquecimento ou resfriamento. Esses aparelhos, aliás, representam 20% de todo o dióxido de carbono emitido para a atmosfera em centros urbanos.
Com essa informação em mãos, os pesquisadores ponderaram que nem todas as edificações de uma cidade precisariam passar por retrofits, mas que as mais poluentes, justamente por uso de sistemas de aquecimento ou resfriamento, sim. E foi aí que entrou o desafio: descobrir quais seriam esses edifícios.
“Sabemos que existem 82 parâmetros para avaliar a eficiência térmica de uma edificação, mas muitos desses dados exigem a medição in loco, sendo que, em alguns casos, com uso de equipamentos especializados. Isso inviabilizaria a operação da pesquisa”, disse Marta González à reportagem de David L. Chanler, publicada pelo MIT News.
Estudando cuidadosamente e levando em consideração levantamentos prévios realizados em outros lugares dos EUA, ela e sua equipe descobriram que é possível usar apenas oito desses fatores para cobrir praticamente todo o universo de conclusões necessárias quanto a avaliação térmica de edifícios. “Então, o meu trabalho passou a ser sobre a redução do número de variáveis que é necessário saber”, explica ela para a mesma reportagem.
Na verdade, seu colega Franz-Josef Ulm complementa que apenas três desses fatores já chegam a representar mais de 85% da variabilidade entre os edifícios, o que torna uma avaliação inicial do parque habitacional de uma cidade bem mais fácil. Essa comparação, portanto, passa a ser basicamente sobre os dados da conta de gás fornecidos pela concessionária que atende a cidade, o tamanho e o volume dos edifícios da cidade e os dados meteorológicos, mostrando as temperaturas externas durante o período do estudo.
Cruzando essas variáveis, os pesquisadores foram capazes de fazer previsões detalhadas sobre quais edifícios de uma cidade seriam de fato beneficiados com um sistema de retrofit que levasse em consideração o conforto térmico dos apartamentos.
 
Exemplo estudado
Em Cambridge, por exemplo, foram selecionados apenas 16%, dos mais de 6 mil edifícios da cidade, para tal processo. A intervenção neles, seguindo a fórmula desenvolvida pelos pesquisadores, permitiria reduzir em até 40% o uso de gás natural da cidade aplicando poucas modificações nessas construções, como melhor isolamento térmico de janelas e portas. “Cambridge, como muitas outras cidades, se comprometeu a neutralizar sua emissão de carbono em alguns anos e essa descoberta pode ajudá-la a alcançar esse objetivo mais rapidamente”, pontua Ulm.
A pesquisa também percebeu que a escolha de temperatura – algo individual e que varia significativamente em cada residência – não altera os resultados de maneira bruta quando se aplicaretrofits prevendo melhorar a retenção térmica nos edifícios. Isso indica, por exemplo, que é possível e desejável manter termostatos individuais, para cada residência controlar sua temperatura como melhor lhe agradar.
Com as simulações, os pesquisadores afirmam ainda que a adoção de uma estratégia baseada nessa nova fórmula é muito mais eficiente que outros programas, como é o caso de subsídio de impostos para edifícios que realizam retrofits aleatoriamente. Afinal, pela lógica, nem sempre o adepto à essa programação lida com um edifício que precise, de fato, de um retrofit sustentável.
Franz Ulm finaliza que é possível para as cidades adotar estratégias muito específicas baseadas nessa fórmula para reduzir o consumo de energia e a emissão de gases poluentes. Um próximo passo, segundo ele, será analisar o ciclo de vida dos edifícios e comparar o retorno de investimento.
A pesquisa recebeu doações da Aliança em Análises de Negócios do MIT-Accenture, do Centro de Sistemas Complexos de Engenharia e da Fundação Nacional de Ciência dos EUA. Ela foi exposta pelo núcleo de Concreto Sustentável do MIT, com apoio de outras entidades, como a Associação de Cimento Portland.