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BDE Explica: como funciona o sistema de concreto inflável

Inhabitat, Mapa da Obra - 19 de maio de 2017 2433 Visualizações
BDE Explica: como funciona o sistema de concreto inflável
Alguns engenheiros civis e arquitetos costumam não se arriscar com novas tecnologias, optando pelos sistemas tradicionais. O cimento, por exemplo, já vem sendo usado há milhares de anos, desde as construções antigas de períodos arcaicos. Ele resistiu ao passar dos tempos e foi significante até a modernidade. Só que, infelizmente, muitas das técnicas que o aplicam permaneceram sem grandes transformações. Mas, essa situação está para mudar: novos investimentos no setor têm contribuído para o surgimento de ideias inovadoras e uma delas está ganhando bastante atenção e destaque nas mídias – o concreto inflável.
Sobre o concreto inflável
PFHC – ou Formação Pneumática de Concreto Endurecido – é como se chama o processo desenvolvido por Benjamim Kromoser e Johann Kolleggerm, do Instituto de Engenharia Estrutural – Departamento de Estruturas em Concreto – da Universidade de TU Wien, na Áustria. Eles apresentaram essa tecnologia em 2017. É um método simples de inflar o concreto já endurecido em formas curvas, como cúpulas. Isso ficou popularmente conhecido como concreto inflável.
Por ora, os pesquisadores realizaram apenas a construção de um protótipo, com dois metros e noventa de altura. Porém, acredita-se que, com as propriedades do concreto inflável, seria possível realizar construções bem maiores e complexas, com até cinquenta metros de diâmetro. Produzir formas livres, desse modo, seria algo mais fácil e econômico, em comparação com os sistemas convencionais. Isso resultaria em mais liberdade criativa aos projetistas e também um aumento de eficiência e de produtividade nos canteiros-de-obras.
Seu emprego na engenharia e na arquitetura
O concreto inflável é um processo que pode ser adaptado em diferentes projetos, visando atender melhor suas necessidades de customização e velocidade de construção. Dessa forma, seria possível construir estruturas realmente surpreendentes. Na engenharia e na arquitetura ele poderia ser empregado em pontes, passarelas, túneis, viadutos e até edifícios curvos, como conchas acústicas e residências.
Processo construtivo
No PFHC, a primeira coisa que se deve fazer é a regularização do terreno. Cúpulas ficam mais bem apoiadas sobre radiers – um tipo de fundação rasa, como uma placa ou laje, que abrange toda a área da construção. Depois, um colchão de ar vazio, composto de múltiplas folhas plásticas, é colocado sobre a superfície plana. Por cima dele, é feito uma camada de barras metálicas, em aço, e outra com placas de concreto, em forma de cunha. Todo o conjunto é, então, ajustado de acordo com a figura geométrica projetada.
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Na etapa seguinte, a membrana é inflada, assumindo o formato desejado pelo projetista. Os cabos acabam funcionando como travas, adicionando tensão ao sistema, apertando todos os segmentos, elevando a estrutura e pressionando tudo de fora para dentro. Isso ajuda a manter o movimento em perfeita sincronia e evita que as lajes deslizem e tudo venha a se desmontar. Com a finalização do processo, a câmara de ar pode ser desinflada, removida e reutilizada para erguer uma nova construção. Tudo é muito simples, rápido e seguro.
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Possíveis patologias
Em alguns testes realizados, foi possível detectar que, quando a concha de concreto se forma, certo número de placas apresentam pequenas e finas fissuras. Vale lembrar que o concreto tende a suportar menos o movimento de flexão quando já está endurecido, mas os pesquisadores acreditam que isso não compromete a estabilidade e durabilidade dessas estruturas. Para evitar qualquer infiltração de água, uma argamassa impermeável poderia ser aplicada nas regiões das fissuras, de modo a encobri-las de vez.
Técnica Binishell
Talvez a ideia do concreto inflável tenha surgido muito antes do que se pensa. Na década de sessenta, o arquiteto italiano Dante Bini desenvolveu um sistema para a criação de casas infláveis. O primeiro protótipo foi construído em Crespellano, na província de Bolonha, na Itália. O processo lembra muito um balão de aniversário coberto com papel machê. Primeiro, a cúpula, em concreto armado com telas, é construída ao nível do solo. Depois, ela é levantada com a ajuda de uma grande bola, inflada com pressão de ar. Atualmente, já existem quase duas mil Binishells em todo o mundo.