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Cidade do Rio ganha espaços para desenvolver novas tecnologias

O Globo, Rio - 23 de agosto de 2017 1475 Visualizações
O Rio se tornou o endereço favorito das empresas quando o assunto é a criação de espaços dedicados ao empreendedorismo e ao desenvolvimento de novas tecnologias. A lista, que acabou de receber nomes como Telefônica/Vivo, OLX, YouTube e a incorporadora Tegra, vai ganhar outros integrantes: a Oi, em parceria com Nokia, Amazon Web Services e PUC-RJ, inaugura nesta semana um novo ambiente colaborativo de trabalho na cidade, com programa de aporte de recursos para estimular o crescimento de start-ups.
De acordo com especialistas, essa nova rodada de investimentos na cidade é reflexo da própria crise. As companhias, dizem eles, estão buscando ideias para aumentar suas receitas em meio à paralisia de setores importantes como o de petróleo, construção civil e serviços, que sofrem com a redução das vagas no mercado de trabalho e da renda ainda apertada.
Esses investimentos reverberam ainda no mais famoso espaço criativo da cidade, o Parque Tecnológico do Fundão. Os laboratórios das gigantes de petróleo já dividem espaço com 33 start-ups, número que deve subir para cem em dois anos, antecipa o diretor-executivo do espaço, José Carlos Pinto. A prefeitura do Rio também tem planos de criar uma nova área de 800 metros quadrados na região do Porto dedicada a pequenas empresas para a troca de ideias.
Essas iniciativas vão se somar a outras 26 incubadoras e 45 espaços de coworking em todo o estado, calcula a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. De acordo com empresas da área de TI, o interesse no Rio faz parte de um novo ciclo de investimentos, que mostra o desenvolvimento do mercado de start-ups.
- O segmento de start-ups está em desenvolvimento no Brasil. Atualmente, ainda é muito concentrado em São Paulo. Mas estamos vendo outros mercados crescendo no país, como Rio e Belo Horizonte, que atravessam um novo ciclo, pois já contam com massa crítica. Hoje, as empresas buscam esses espaços para estimular novas ideias, seja por meio de coworking ou de uma aceleradora - comentou Dan Faccio, diretor de investimentos da Qualcomm Ventures, que destina cerca de US$ 10 milhões por ano a novas empresas no Brasil.
Essa massa crítica também é apontada por Marco Aurélio de Sá Ribeiro, professor do Ibmec-RJ. Segundo ele, o Rio conta com boas instituições de ensino e, com o agravamento da crise econômica, as pessoas estão, segundo ele, buscando empreender em diversas áreas. Estudo do Parque Tecnológico da UFRJ comprova. A universidade mapeou a existência de cerca de mil iniciativas de empreendedorismo entre seus universitários.
- O Rio é um dos mais afetados pela crise econômica do país. Inovar é muito caro para as grandes companhias. Por isso, as empresas estão criando esses programas e montando esses espaços - destacou Ribeiro.
APORTE DE R$ 150 MIL PARA CADA PROJETO
Batizado de Oito, o primeiro hub de empreendedorismo e inovação da Oi no Rio será lançado na próxima quinta-feira - no prédio onde era o Oi Futuro, em Ipanema - como um espaço para geração de novos negócios, desenvolvimento de soluções tecnológicas e digitais, aceleração de start-ups e suporte a iniciativas de impacto social. A ideia é descobrir soluções para internet das coisas, cidades inteligentes e publicidade móvel, além de ações para elevar a produtividade de serviços de saúde e educação. Para isso, a companhia, ao lado de Nokia e PUCRio, vai oferecer programa de incubação de empresas em estágio inicial, com aporte de até R$ 150 mil por projeto.
- Queremos gerar valor para o nosso negócio, garantindo a sustentabilidade da companhia, com apoio das novas soluções que vamos construir com as empresas incubadas e os parceiros do Oito - afirmou Marco Schroeder, presidente da Oi.
Com espaço de coworking ,o prédio da Oito vai contar ainda com um centro em parceria com a Nokia, o Oi Labs. Nuno Cadima, diretor de Estratégia e Novos Negócios da Oi, lembra que as empresas poderão testar soluções no espaço. O prédio terá teatro para palestras e ainda vai abrigar atividades dedicadas à experimentação sonora e iniciativas de inovação social, com curadoria do Oi Futuro.
- Vamos acompanhar as empresas por um ano. A ideia é, ao fim desse processo, nos tornarmos acionistas dessas companhias. Um pilar importante são as empresas parceiras. Ainda estamos negociando com outras cinco companhias - afirma Cadima.
A Telefónica, dona da Vivo, escolheu a Ilha do Governador para abrigar seu espaço voltado à inovação, dentro do Parque da UFRJ. Renato Valente, diretor do projeto, chamado de Open Future, diz que a companhia conta com 41 espaços em todo o mundo. Segundo ele, o objetivo dessa iniciativa, que há cerca de dois meses abriga nove empresas iniciantes, com projetos que envolvem da criação de redes sociais a delivery, é encontrar novas experiências e soluções.
- O mercado de tecnologia é descolado da crise. Por isso, há investimentos. Há muita coisa a ser feita. Além disso, em períodos como o atual, o número de start-ups só cresce. É um incentivo a buscar oportunidades. Queremos encontrar novas experiências e reduzir os custos - destacou o executivo.
PARTE DE UM MOVIMENTO MUNDIAL
Além do YouTube, que acabou de abrir um espaço na região do Porto, quem também investe em um ambiente exclusivo para start-ups é a OLX, site de vendas na internet, no Flamengo. Em pouco mais de três meses, foram atendidas mais de 30 empresas. Bernardo de Barro Franco, líder da iniciativa OLXStart, lembrou que o objetivo é fazer mentoria para quem está começando:
- Queremos estimular as start-ups. A demanda está muito grande. Recebemos dúvidas, problemas etc. A ideia é encontrar soluções. Percebemos que essas companhias têm dificuldade em identificar uma forma de geração de valor. Então, desenvolvemos nosso trabalho a partir disso. O Rio, apesar das mazelas atuais, é uma cidade muito criativa.
A Oracle, que tem espaço em São Paulo, já pensa em trazer para o Rio o seu programa de aceleração de empreendedores. E a TIM Brasil também vem recebendo empresas iniciantes em sua sede, na Barra, como parte de seu programa de estímulo às start-ups.
Paula Chimenti, professora do Coppead/ UFRJ, e José Carlos Pinto, diretor-executivo do Parque Tecnológico da UFRJ, acreditam que o Rio reflete e se beneficia de toda essa movimentação mundial em torno dos investimentos no setor de tecnologia. Ele destaca que uma empresa não consegue desenvolver tecnologia sozinha. Por isso, esses espaços ganham força:
- O Parque Tecnológico da UFRJ passa por esse movimento de diversificação, olhando áreas como internet das coisas, big data, informática e saúde.
Mas os investimentos não se restringem ao setor de tecnologia. A Tegra Incorporadora, empresa do grupo Brookfield, está lançando um espaço de coworking chamado Hub, no Centro Metropolitano, na Barra. A iniciativa, diz Frederico Kessler, diretor de Incorporação da empresa no Rio, visa a fomentar novas oportunidades entre os empreendedores, com ambiente de compartilhamento de ideias e infraestrutura:
- O mercado está em ritmo mais lento, e estamos buscando alternativas. E por que não gerar novas oportunidades e estimular a economia? Não é só um espaço. É um movimento, pois temos ainda palestras.