Logotipo Engenharia Compartilhada
Home Notícias Especialistas defendem a manutenção periódica para evitar casos como o do edifício Wilton Paes de Almeida

Especialistas defendem a manutenção periódica para evitar casos como o do edifício Wilton Paes de Almeida

Redação Engenharia Compartilhada - 18 de maio de 2018 1491 Visualizações
Especialistas defendem a manutenção periódica para evitar casos como o do edifício Wilton Paes de Almeida
O desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo, abriu margem para uma pauta fundamental da engenharia civil: toda edificação, seja ela residencial, comercial ou industrial, deve passar por manutenções periódicas, de acordo com as normas brasileiras. Segundo o Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), essa manutenção é extremamente importante para preservar as características estruturais da edificação, evitando-se o colapso de suas partes ou do seu todo. 
Sendo assim, toda e qualquer reforma ou alteração feita em uma estrutura, merece atenção dobrada. Quando se faz necessária a alteração de qualquer item, o todo deve ser repensado e negligenciar essas premissas básicas pode levar a casos como o que aconteceu no largo do Paissandu.
Entenda o que aconteceu
No último dia 1° de maio, um curto-circuito deu início a um incêndio no 5° andar do edifício Wilson Paes de Almeida. O fogo se alastrou rapidamente pelos outros pavimentos do prédio, que desabou. “As altas temperaturas e tempo de exposição fizeram com que as características de resistência da estrutura fossem alteradas”, explicou a diretora e engenheira do Grupo Falcão Bauer, Patrícia Bauer. Segundo ela, essa soma de fatores fez com que o prédio não aguentasse o próprio peso, vindo a desabar poucas horas após o início do incêndio. 
Do ponto de vista da engenheira, existem algumas formas de evitar que novas ocorrências como essa venham a acontecer no futuro. Reforçando a ideia defendida pelo CBCA, Patrícia fala sobre a importância de inspeções que avaliem o estado de conservação das estruturas das edificações, especialmente daquelas que tiveram o seu uso alterado sem um estudo técnico que validasse essas alterações. 
“É importante verificar se há sobrecarga nas estruturas devido às reformas, entre outros fatores. Mas, no caso do edifício Wilson Paes de Almeida, também precisamos considerar que as normas técnicas eram outras no ano da sua construção (1968)”, diz a diretora da Falcão Bauer, grupo especializado na prestação de serviços nas áreas de Engenharia Consultiva.
Para se ter uma ideia, os pavimentos do edifício Wilson Paes de Almeida não tinham paredes de alvenaria – que ajudariam a reter o calor e retardariam o espalhamento do fogo – e, sim, divisórias de maderite que, como roupas e móveis, serviram de combustível. Além disso, a parte externa era feita de vidro e não possuía isolamento entre os pavimentos. Por fim, os fossos dos elevadores desativados eram de concreto e a estrutura do prédio de aço – ambos materiais que perdem a resistência em altas temperaturas.
“Atualmente, as normas para estruturas metálicas incluem pintura antichamas ou o uso de argamassa com tela para proteger essas estruturas. Logo, além da atenção destinada a possíveis focos de incêndio em uma estrutura, provenientes de instalações elétricas ou de gás, é fundamental seguir as normas e boas práticas construtivas para garantir a segurança dos usuários das edificações”, finaliza Patrícia.
Por dentro das normas técnicas
Independente do sistema estrutural empregado, existem algumas normas técnicas brasileiras vigentes que devem ser seguidas a fim de evitar perdas de vidas e do bem patrimonial. A norma ABNT NBR 14432, por exemplo, estabelece as condições a serem atendidas pelos elementos estruturais e de compartimentação que integram os edifícios para que, em situação de incêndio, seja evitado o colapso estrutural. 
A norma ABNT NBR 15200, por sua vez, estabelece os critérios de projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio e a forma de demonstrar o seu atendimento. A exigência de resistência ao fogo de um edifício é estabelecida em forma de tempo (TRRF – Tempo Requerido de Resistência ao Fogo) e é mais alta à medida que o risco à vida humana é considerado maior, devido à ocupação e a altura do edifício. 
Há ainda, normas específicas para projetos em estruturas de aço, como é o caso da ABNT NBR 14323, voltada para estruturas mistas de aço e concreto. De acordo com o Centro Brasileiro de Construção em Aço (CBCA), esse tipo de estrutura é amplamente utilizado em países desenvolvidos, chegando a aproximados 70% das edificações multipavimentos comerciais na Inglaterra.
O CBCA aponta que, nesses países, o cuidado em relação ao fogo é alto e tratado como prioridade. Existem, ainda, vários sistemas de revestimento complementares contrafogo, que isolam ou retardam o incêndio nas mesmas, como as tintas intumescentes, as argamassas projetadas, dentre outras.