Logotipo Engenharia Compartilhada
Home Notícias Construções se preparam para mudanças climáticas

Construções se preparam para mudanças climáticas

SEGS - 14 de junho de 2018 822 Visualizações
Construções se preparam para mudanças climáticas
O aquecimento global tem provocado inúmeras transformações no mundo. Chuvas extremas em algumas regiões, escassez em outras, vendavais, ondas de calor, etc. A lista de problemas é grande. Goiânia, por exemplo, tem experimentado a quebra de recordes de temperatura nos últimos anos. O dia 22 de outubro de 2015 ficou na história como o mais quente de todos os tempos na cidade, neste dia os termômetros marcaram 39,9 ºC. Lembrando que nos cinco anos anteriores a essa data sucessivos recordes de temperatura foram quebrados.
Os efeitos dessas mudanças climáticas estão entre os principais desafios dos empreendimentos modernos, que buscam trazer conforto por meio de soluções sustentáveis que não agridam o meio ambiente. Muitos residenciais construídos em Goiânia já incorporaram essas tecnologias para se adaptarem às mudanças climáticas. Soluções arquitetônicas para diminuir temperatura interna, vidros ecoeficientes, uso de energias renováveis, caixas de retenção de água das chuvas estão entre as iniciativas de hoje que podem ser a solução para o futuro.
Uso de energia solar
No condomínio residencial Sinfonia, que está sendo construído pela Loft Construtora, empresa especializada em edificações sustentáveis, o uso racional da eletricidade é um diferencial. O empreendimento utilizará placas fotovoltaicas localizadas no alto da torre e dispositivos de geração de energia limpa.
O sistema fotovoltaico consiste na instalação de painéis com células fotovoltaicas no telhado do empreendimento, que captam a energia solar e a converte em eletricidade. A carga gerada é transmitida para a rede de distribuição da concessionária de energia local e, ao final do mês, a energia produzida pelo sistema entra como saldo e é abatida da conta de luz mensal.
Embora tenha uma matriz energética considerada limpa, a participação das fontes não renováveis como petróleo e carvão mineral respondem ainda por 56,5% da matriz, segundo dados do último levantamento divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com dados referentes a 2016, o que traz um sério problema de qualidade do ar e o inevitável fim dos recursos naturais usados para a geração desses tipos de energia.
“Ao utilizarmos uma fonte de energia renovável, que é o sol, temos um impacto zero ao meio ambiente. Além do mais estamos usando um recurso muito abundante no Brasil, principalmente na nossa região [Centro-oeste]”, destaca o engenheiro da Loft Construtora, Gustavo Veras.
O sistema de placas fotovoltaicas já está chegando inclusive aos empreendimentos econômicos. A MRV Engenharia já lançou dois residenciais em Goiás com este diferencial - Residencial Parque Gran Cielo em Goiânia, e o Residencial Arcos do Campo, em Anápolis. O residencial faz parte das novas linhas de produtos da construtora e contará com o uso da energia solar fotovoltaica nas áreas comuns do residencial.
Desde o ano passado, a empresa vem nacionalmente ampliando o número de unidades habitacionais com este diferencial e irá investir R$ 800 milhões para que, até 2021, todos os seus empreendimentos sejam lançados com essa tecnologia. “Os benefícios são imensuráveis. Ter empreendimentos ecologicamente corretos está entre os valores da empresa e é isso que buscamos a cada dia”, explica Raphael Paiva, diretor de produção da da MRV Engenharia. Segundo ele, a eletricidade é o segundo item que mais impacta no valor da taxa de condomínio, representando entre 10% a 17% do custo condominial. Mas esse impacto é minimizado com a instalação de sistemas de energia fotovoltaica, que fará esse percentual reduzir significativamente”, esclarece Raphael Paiva.
Contra enchentes e alagamentos
A drenagem urbana já é um dos problemas críticos de Goiânia e tende a piorar. Um em cada cinco goianienses afirma que o bairro onde mora fica alagado em consequência das chuvas e entre estes, 41,3% diz que isto ocorre toda vez que chove. Os dados integram uma pesquisa realizada pela Rede de Monitoramento Cidadão (RMC), uma iniciativa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com o apoio financeiro da Caixa Econômica Federal. Os dados foram coletados em outubro de 2017.
Especialistas explicam que os alagamentos são resultado da urbanização sem planejamento, que influencia diretamente no aumento da intensidade das chuvas e reduz as áreas permeáveis das cidades. Em outras palavras, a concentração de concreto gera dois problemas: a diminuição das áreas permeáveis, que dificulta a absorção das chuvas e gera alagamentos; e o aumento da severidade do microclima, o que influencia diretamente a quantidade de água que cai do céu.
“As cidades vão crescendo e isso influencia o microclima, há um maior aquecimento da região central devido à pavimentação, entre outros fatores. Isso tem relação com o aumento das pancadas de chuvas rápidas. Elas deixaram de ser distribuídas em 24 horas, o famoso ‘invernou’ acabou”, diz a chefe do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em Goiás, Elizabete Ferreira.
Diante desses transtornos, os modernos projetos imobiliários prevêem soluções de drenagem sustentável. É o caso do condomínio Residencial Ecovillaggio Castelo Branco, cuja área de lazer está sendo implantada sobre o terreno natural, sem escavações para subsolos ou qualquer alteração. Até as mangueiras plantadas há mais de 50 anos no terreno serão mantidas. No total, os 2.856 m² da área do empreendimento servirão como uma válvula de escape para o escoamento da água da região.
Segundo o engenheiro civil e diretor da Loft, Gustavo Veras, a medida foi pensada no sentido de se preservar o meio ambiente e o bem-estar, uma vez que os moradores terão maior contato com o natural. “Havia a possibilidade de construirmos mais uma torre com apartamentos, mas optamos sempre por fazer um espaço que agregue maior qualidade de vida e manutenção do meio ambiente”, comenta Gustavo Veras que também é diretor de meio ambiente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-GO).
O engenheiro Gustavo Veras explica que é fundamental que a cidade continue investindo em áreas verdes para se compensar a concentração do concreto. “Apesar de Goiânia ser uma cidade com grande presença de verde, é preciso ir além. Uma alternativa é incentivar empreendimentos que preservem maior percentual de áreas verdes, piso permeáveis e outras medidas de drenagem urbana sustentável”, diz. Outra medida sustentável, ele cita, são os telhados verdes que já estão sendo utilizados em alguns residenciais de Goiânia.
Ele lembra também que é importante se investir em soluções para adequar a infraestrutura de drenagem urbana para a atual realidade. “Há 50 anos, quando ela foi implantada, o comportamento das chuvas era diferente”, diz. E ele completa: “Se não tem espaço para a água escoar subterranemente, esta água vai escorrer sobre as ruas e passeios. Há também a manutenção ineficiente desta infraestrutura, algo que atrapalha o escoamento”, complementa.
Reúso de água
No condomínio residencial Sinfonia, da Loft Construtora, as plantas que enfeitarão o local serão nativas do Cerrado, ou seja, serão espécies que irão requerer menos água e manutenção. A água que será consumida pelo condomínio também receberá atenção especial. Sistemas de reúso das águas cinzas - provenientes de lavatórios e chuveiros – serão tratadas e reutilizadas na limpeza das áreas comuns, Irrigação dos jardins e descarga dos vasos sanitários dos apartamentos.
Dois empreendimentos já construídos pela construtora já contam com o sistema. Um deles é o Residencial Ecovillaggio Jardim Bela Vista, em Aparecida de Goiânia, o qual tem um alívio na conta de água graças à implementação de uma tecnologia de reciclagem da água proveniente dos lavatórios e chuveiros dos banheiros. O síndico do residencial, Alessandro Dias, estima que “se não tivesse o sistema de reúso da água, haveria um acréscimo entre 20% e 30% nos gastos com água”. No local, cerca de 200 carros também são lavados mensalmente com a água reutilizada.
O Residencial também possui um sistema de captação das águas da chuva, a qual é armazenada num reservatório de 15 mil litros, e que, junto à água cinza proveniente dos lavatórios e chuveiros, é utilizada na irrigação dos jardins e limpeza de áreas comuns.