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Incêndios em edifícios altos no Brasil

Assessoria de Imprensa - 18 de julho de 2018 1433 Visualizações
Incêndios em edifícios altos no Brasil
Foto: Rovena Rosa publicado no jornal Grande Bahia
Em 1° de maio de 2018, um incêndio de grandes proporções no edifício Wilton Paes de Almeida surpreendeu todo o País. O edifício de concreto armado com 24 pavimentos, localizado na região do Largo do Paissandu, em São Paulo, teve o seu colapso e infelizmente vidas foram levadas.
Da mesma forma que em outros trágicos incêndios ocorridos também em edifícios localizados na cidade de São Paulo - Joelma, Andraus, Cesp e Grande Avenida - o caso do edifício Wilton Paes de Almeida tem a característica de ser uma construção do meado do século passado, com projeto arquitetônico, estrutural e de instalação, que não considerava a segurança contra incêndio. São várias as edificações nessa condição no Brasil, e isso representa um grande risco para as pessoas.
Os incêndios nesses edifícios propagaram-se com muita facilidade e envolveram toda a edificação, dificultando as operações de combate ao incêndio e provocando sérios danos à estrutura. A ocupação original do edifício também precisa ser respeitada. Um edifício basicamente feito para abrigar escritórios não pode ser modificado para um edifício habitacional sem o devido cuidado.
No caso mais recente, do já mencionado edifício Wilton Paes de Almeida, a falta de compartimentação vertical, a estrutura pouco redundante e um projeto antigo em termos de segurança contra incêndio foram as principais razões para o desabamento. 
Nele, assim como nos outros edifícios mencionados, havia quebra de compartimentação vertical pelas fachadas, pelo poço do elevador, pelas escadas não enclausuradas e, provavelmente, por outras vias. A compartimentação vertical é importante justamente para impedir a propagação vertical do incêndio de um pavimento para o imediatamente superior, sendo uma das medidas mais eficientes para a segurança contra incêndio e também essencial para o dimensionamento das estruturas.
Quanto à questão de redundância estrutural, em edifícios altos, significa dizer que caso um elemento estrutural falhe por conta do incêndio, o projeto estrutural prevê caminhos alternativos para os carregamentos chegarem à fundação. 
De uma maneira geral, cabe a arquitetura garantir a compartimentação vertical e projetar adequadamente as saídas de emergência, por meio de escadas de segurança, por exemplo, cujo número, largura e localização devem ser projetadas com base na ABNT NBR 9077:2001 - Saída de emergência em edifícios ou nas instruções técnicas dos Corpos de Bombeiros estaduais. 
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Outras medidas do escopo da arquitetura são as especificações de materiais de revestimento e acabamento colocados em tetos, paredes e pisos. Esses devem possuir características de reação ao fogo adequadas, levando-se em conta a propagação superficial das chamas e a quantidade e densidade de fumaça desenvolvidas. Acessibilidade aos equipamentos para combate ao incêndio e o distanciamento seguro entre edifícios também são de responsabilidade dos projetos de arquitetura. 
Cabe à engenharia de instalações, os projetos de chuveiros automáticos, hidrantes, sistemas de iluminação de emergência e sistemas de detecção e alarme.
Acrescentam-se a isso a ABNT NBR 14432:2001 e as Instruções Técnicas (IT8, em São Paulo), que indicam o TRRF (tempo requerido de resistência ao fogo) para o qual as estruturas devem ser projetadas. É importante lembrar que o TRRF não é tempo real, mas um tempo padrão utilizado para ensaios em fornos. Quanto mais alta a edificação, maior será esse TRRF. Conhecido esse tempo, o engenheiro dimensionará os elementos estruturais com base nas normas ABNT NBR 15200:2012 “Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio” ou ABNT NBR 14323:2013 “Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio - Procedimento”.
Fica claro que a segurança contra incêndio é multidisciplinar, dependendo da arquitetura e da engenharia, tendo como guia as Instruções Técnicas dos Corpos de Bombeiros estaduais e as Normas Brasileiras, que devem estar sempre em contínuo aprimoramento com base nos erros detectados em incêndios ocorridos no Brasil e no exterior. Além disso, sempre é importante considerar as pesquisas científicas desenvolvidas pela Engenharia de Segurança contra Incêndio.