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Regulação é importante para sustentabilidade energética e preservação

Manuel Fernandes - 28 de novembro de 2018 913 Visualizações
Regulação é importante para sustentabilidade energética e preservação

 O setor de Energia e Recursos Naturais é estratégico para o desenvolvimento do Brasil. Sendo assim, é inevitável comparar o cenário atual com a situação que predominava há dois anos. Em 2016, o mercado clamava por importantes mudanças: fim do operador único no pré-sal; flexibilização das regras de conteúdo nacional; confirmação do regime fiscal Repetro; e mais previsibilidade nos leilões de blocos exploratórios.

Para o bem do mercado, importantes mudanças ocorreram. Desde 2016 já foram registrados dois leilões no modelo concessão e três rodadas no modelo de partilha, com arrecadação de R$ 23 bilhões em bônus de assinatura e Programa Exploratório Mínimo (PEM). Os resultados positivos seguem com novos leilões planejados até 2019.

A Petrobras continua sendo o operador mais relevante e, com a entrada de oito novas plataformas até o fim de 2019, espera-se 46% de aumento na produção. A Petrobras representava 80% da produção diária e hoje alcança 75%, seguida de Shell (12%) e Petrogal (3%). O pré-sal já responde por 53% da produção, contra 41% em 2016.

Em energia elétrica, espera-se uma grande transformação. No Brasil, fontes renováveis representam 86% da matriz elétrica. Fontes hidrelétricas alcançam 80%; eólicas/fotovoltaicas 5%. A Eletrobras está disposta a vender 59 projetos de geração eólica, atraindo interesse da Shell, que investirá US$ 1,5 bilhão nos próximos anos.

O assunto também consta na pesquisa Novos impulsionadores da transição de energia renovável, da KPMG, revelando a preocupação de organizações do setor ofertarem soluções mais renováveis e distribuídas. O conteúdo também destacou algo novo, com os próprios consumidores priorizando as energias renováveis, tendência que impactará os negócios no futuro.

Tecnologia

Os desafios tecnológicos também estão transformando o setor e, quando superados, ampliarão a produção. Empresas tradicionais têm integrado processos de digitalização com soluções de robótica, inteligência artificial, cibersegurança, machine learning, Data Analytics e blockchain.

A BHP Billiton, por exemplo, utiliza drones para conduzir pesquisas minerais. A Vale completou o projeto S11D no Pará com inovações tecnológicas, ganhando eficiência com 93% de redução do uso da água e 50% de redução de emissão de carbono. A Yamana Gold utiliza blockchain para simplificar e automatizar a cadeia de fornecedores.

Apesar dos avanços tecnológicos, as empresas de Óleo e Gás ainda estão perdendo oportunidades e atrasam o processo de maturidade digital que poderia ser direcionado para exploração sísmica, perfuração e produção. O pensamento digital no setor costuma parar em insights orientados por dados, porém a empresa que pretende ser líder deve modernizar os principais ativos, como plataformas, equipamentos e instalações. A revolução digital só ocorrerá quando essa jornada estiver integrada com digitalização, descentralização, descarbonização e democratização.

Em um mundo cada vez mais competitivo e globalizado, as empresas de Óleo e Gás precisam de estruturas direcionadas para os objetivos de negócios, medindo a evolução digital por meio de estágios de evolução. Uma das soluções é estabelecer uma jornada digital com etapas que revelem essa transição. Para isso, a transformação deve passar pela integração e análise de dados, oferecendo soluções às principais operações e embasando a tomada de decisões.

Regulação

Em termos regulatórios e legais, a criação da Agência Nacional de Mineração impõe desafios ao setor, com novas regras de fiscalização e normatização. Na área de Óleo, os desafios ainda são grandes. Enquanto no gás de xisto americano a produção já tem início um mês após a descoberta, no Brasil o ciclo é bem mais longo pois a obtenção de licenças ambientais pode demorar alguns anos.

Espera-se que as mudanças introduzidas recentemente na regulamentação do setor de energia e recursos naturais, que têm permitido o retorno dos investimentos no Brasil, sejam mantidas e aperfeiçoadas, a exemplo das novas diretrizes estratégicas do Ministério de Minas e Energia.

Considerando que as tecnologias digitais estão ajudando todos as empresas a transformarem suas operações, a indústria de Óleo e Gás não pode mais ficar para trás e perder as vantagens desse processo: mais produtividade, operações mais seguras e redução de custos. Uma das principais vantagens da tecnologia digital é a resiliência para enfrentar momentos de incertezas.

É imprescindível aproveitar o avanço regulatório, o aperfeiçoamento das tecnologias, o custo decrescente da digitalização e a maior conectividade de dispositivos para melhorar a competitividade e ampliar os diferenciais das empresas do setor. Somente assim os líderes poderão transformar seus principais ativos e implementar novos modelos operacionais para alcançar os novos objetivos de negócios.

Manuel Fernandes — Sócio-líder do Setor de Energia e Recursos Naturais da KPMG no Brasil.