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ECO2BLOCKS QUER SER REFERÊNCIA MUNDIAL NA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

por Edifícios e Energia - 12 de julho de 2019 1141 Visualizações
ECO2BLOCKS QUER SER REFERÊNCIA MUNDIAL NA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
Nasceu na Universidade da Beira Interior (UBI), mas já cresce por si e continua a somar prémios. Produzir materiais para a construção utilizando resíduos industriais é a proposta da eCO2Blocks, a grande vencedora da última edição do Cleantech Camp, o programa europeu dirigido a projectos e start-ups do sector das energias limpas.

A eCO2Blocks é uma spin-off de base tecnológica da UBI e tem como missão desenvolver e produzir materiais de construção sustentáveis, com alto desempenho, baixo custo e à base de resíduos industriais, possibilitando que o sector da construção se torne mais sustentável.

O projecto começou a ser desenvolvido no Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura da UBI pelo docente e investigador João Castro Gomes e pelo aluno de Doutoramento Pedro Humbert, através do desenvolvimento e produção de materiais de construção compostos por resíduo industrial (escória do aço, da Siderurgia Nacional), água não potável e dióxido de carbono (CO2). O endurecimento do bloco para construção é feito através da absorção de dióxido de carbono, resultando num processo de fabrico dez vezes mais rápido e 45 % mais barato relativamente à opção tradicional, com cimento Portland.

“A médio prazo, queremos aumentar a nossa gama de aplicações, bem como utilizar uma maior quantidade de resíduos nos nossos produtos”, admite Pedro Humbert. O investigador revela à Edifícios e Energia que já conseguiram “integrar cerca de 20 % de resíduos não orgânicos como plástico, couro, metais, cerâmicos e de construção”, mas querem “aumentar ainda mais a gama de resíduos utilizados”. Em relação aos materiais tradicionais, os produtos da eCO2Blocks apresentam também cinco vezes mais resistência mecânica e uma resistência ao fogo duas vezes maior (até aos 900°C).

O objectivo da eCO2Blocks não é eliminar o cimento, afirma Pedro Humbert, uma vez que é “um material muito versátil e indispensável para a indústria da construção civil”, mas, sim, repensar a utilização de recursos consoante o tipo de aplicação. Para Pedro Humbert, “o consumo de cimento e de recursos naturais deve ser evitado ao máximo, [sendo] utilizado apenas em situações que não existam alternativas mais sustentáveis”.

No caso dos blocos de pavimento da eCO2Blocks, o processo de aplicação pode ser com argamassa ou apenas directamente na areia, dependendo da opção de cada construtor. Para aplicações futuras e dando ainda como exemplo o bloco de alvenaria, o investigador revela que a argamassa que liga os blocos é de cimento, mas refere que existem outras soluções sem cimento que ainda não estão com grande expressão no mercado. Quanto ao impacto no ambiente da utilização do cimento, uma vez que o objectivo da eCO2Blocks é uma solução de construção sustentável, Pedro Humbert explica que a avaliação do impacto é muito mais sobre “a diferença que o projecto pode fazer do que uma eventual erradicação de um material como o cimento”.

Apesar de trabalhar com os pavimentos por estes não precisarem de certificação, a eCO2Blocks vai, nos meses de Julho e Agosto, realizar uma nova produção de protótipos para poder realizar uma caracterização oficial do produto. Esta caracterização será feita pelo Itecons, o Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade, em Coimbra, e irá contemplar todos os pormenores técnicos do produto. Ainda para este ano, está prevista a realização de uma demonstração piloto de 500m² de pavimento instalado na infra-estrutura de um dos parceiros do projecto.

Como objectivo, a eCO2Blocks pretende que as fábricas utilizem a tecnologia desenvolvida e, em paralelo, quer construir uma unidade de produção própria, de modo a apresentar a sua tecnologia ao mundo. Aspirando ser uma referência internacional no desenvolvimento de tecnologia sustentável, na indústria da construção civil, a eCO2Blocks encontra na industrialização do processo o maior impedimento (ou dependência) para que o projecto consiga entrar no mercado. Como tal, além da procura de investimento, assim como de novos parceiros, prémios como o que agora recebeu, e a que se juntam a outros tão notáveis como o do ClimateLaunchpad e do Prémio Manuel António da Mota, são sempre uma forma de mostrar ao maior número de pessoas possível o trabalho e o potencial da eCO2Blocks.