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Relatório da Aneel faz censura à Eletrobrás

O Estado de S.Paulo - 05 de fevereiro de 2014 963 Visualizações
 
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acusa a holding federal Eletrobrás de apropriação indevida de receitas do fundo denominado Reserva Global de Reversão (RGR). A agência reguladora determinou à estatal a devolução de R$ 2,037 bilhões à RGR. A denúncia, que a Eletrobrás contesta, constitui fato gravíssimo, pois a Eletrobrás é a gestora do RGR. Além disso, a estatal deve prestar contas não só ao acionista controlador, a União, como aos acionistas minoritários, pois se trata de uma companhia de capital aberto.
Confirmados os fatos denunciados, tudo aponta para uma relação promíscua entre a Eletrobrás e a RGR. A vultosa soma que a Eletrobrás é acusada de dever originou-se do uso, pela estatal, de dinheiro de juros e amortizações de empréstimos da RGR. Além disso, a holding federal é acusada de ter devolvido parte dos recursos à RGR por valores históricos (sem atualização monetária). E assim engordou a conta de recursos próprios, segundo o jornal Valor. A suspeita é de que tais recursos tenham servido para cobrir despesas correntes, tais como a folha de pagamento e aluguéis. A decisão da Aneel é inédita.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendeu, em seu segundo mandato, fazer da Eletrobrás a Petrobrás do setor elétrico, como diziam as autoridades, em fins da década passada. Hoje, as duas estatais passam por momentos difíceis - e, nos dois casos, o governo contribuiu diretamente para os problemas. A Petrobrás vende combustíveis com prejuízo e a Eletrobrás foi vítima da reestruturação do setor elétrico, pela qual o governo subsidia as tarifas de energia elétrica. Nos dois casos, preços menores permitem evitar um aumento da inflação, tido como danoso para os planos eleitorais da presidente Dilma.
As denúncias da Aneel estão em relatório de fiscalização que abrange um período longo, iniciado na década atrasada. Em parte, os recursos apropriados pela Eletrobrás foram canalizados para outras empresas coligadas à estatal, que enfrentam enormes dificuldades. Desde o ano passado, com a mudança do modelo elétrico, a situação da Eletrobrás se deteriorou e a empresa anunciou um plano de saneamento.
A Eletrobrás, segundo a reportagem, recorreu administrativamente da decisão da Aneel. Mas sua imagem já foi afetada. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) cobrou explicações da Eletrobrás. Resta saber se a Aneel e a CVM terão o poder necessário para punir a estatal.