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Grupo da USP cria plano de urbanismo para a área do banhado de SJC

Por Denis Pacheco - Jornal da USP - 07 de fevereiro de 2020 1806 Visualizações

Foto aérea de Banhado – Foto: Divulgação / PRG

Ir além da formação técnica, capacitando profissionais para atuar em prol da sociedade. Foi com base nessa filosofia que um grupo nascido no Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP em São Carlos decidiu criar o PExURB – sigla para Práticas de Ensino, Pesquisa e Extensão em Urbanismo.

No final do ano passado, o grupo foi reconhecido quando um de seus principais projetos venceu o IABSP 2019, prêmio oferecido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo.

Com o auxílio de um drone, os pesquisadores utilizaram tecnologias de processamento e análises de dados geográficos para dar visibilidade à comunidade do Banhado, em São José dos Campos, que está ameaçada de remoção.

Coordenado pelos professores Marcel Fantin e Jeferson Tavares, ambos do IAU, o trabalho teve como foco a regularização da terra, da moradia e da infraestrutura da comunidade, situada em uma área de preservação ambiental. A ideia foi propor múltiplas reflexões sobre o cenário, especialmente em termos de cartografia social, que pode auxiliar na construção de alternativas para o problema. Além disso, o projeto colocou alunos em contato com demandas reais da sociedade.

Finalizado em julho de 2019, o projeto no Banhado “reuniu muitos esforços”, conta o professor Tavares. Com uma combinação de recursos da Pró-Reitoria de Graduação da USP, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo e do Banco Santander, a empreitada vem conquistando prêmios ao longo dos últimos meses.


Projeto para planejamento urbano destaca a área do Banhado nos mapas do Estado de São Paulo e da cidade de São José dos Campos – Foto: Divulgação / PRG

Do Banhado para o mundo

Para o professor Marcel Fantin, é somente quando o estudante entra em contato com a realidade urbana que ele passa a entender a necessidade de ampliar seus horizontes e enfoques, já que é preciso compreender o contexto social dos conflitos urbanos. “Ele aprende a se posicionar e a buscar a inserção da função social do arquiteto na prática”, afirma Fantin.

Além dos estudantes de Arquitetura e Urbanismo, o grupo também inclui alunos de áreas como Direito, Engenharia Ambiental e Engenharia Civil, num coletivo que, atualmente, envolve um conjunto de 20 pessoas.


Grupo PExURB – Foto: Divulgação / PExURB via Facebook

Juntos, eles enfrentam a realidade desafiadora de comunidades que, muitas vezes, não recebem o amparo que deveriam. Era o caso da comunidade instalada na região do Banhado. O local contava com 460 famílias em um espaço reconhecido como o primeiro núcleo de favela da cidade, o Jardim Nova Esperança.

O plano proposto pelos profissionais do PExURB propôs soluções técnicas mostrando a possibilidade da permanência segura da população local. O planejamento abordou também questões ambientais e de trabalho, a relação rural-urbano, conflitos fundiários e novas possibilidades de uso e ocupação do solo.

Para Fantin, desenvolver a sensibilidade para atuar em projetos como esse “é um aprendizado difícil de se adquirir dentro da sala de aula, mas é essencial na formação dos alunos”.

E não é apenas em Banhado que as atenções do grupo se concentraram. Dezenas de outros projetos fazem parte da extensa lista de assessorias técnicas prestadas pelos especialistas no interior e na capital paulista.

“Temos trabalhado em projetos em Ribeirão Preto, nas áreas de planejamento urbano e infraestrutura, e estamos desenvolvendo um projeto específico numa comunidade rural de São Carlos, que está fora da pauta dos cursos de arquitetura”, menciona Tavares ao destacar que, recentemente, o grupo atuou no Hospital de Câncer de Barretos, também conhecido como Hospital de Amor.

O trabalho nos entornos do hospital envolveu identificar as falhas de acessibilidade para pessoas com deficiências, compreender os motivos por trás da falta de cuidado com o meio ambiente na região e entender os problemas que envolviam o espaço público no local. “Por exemplo, as pessoas não conseguiam andar pelas calçadas, que não ofereciam sombra em uma cidade que é muito quente”, explica o professor.

O resultado final foi um planejamento que propôs a melhoria de quadras, calçadas, pontos de acesso ao rio, e envolveu não apenas a administração do hospital, mas também a prefeitura. “Escutamos funcionários e até pacientes”, relata.



Extensão é visibilidade
Iniciado em 2018, o grupo de pesquisa foi criado para ampliar as possibilidade da atuação acadêmica por projeto de assessoria técnica, iniciação científica, mestrado e doutorado. A ideia, de acordo com o site oficial do grupo, é “construir ações para transformar o território pela prática universitária interdisciplinar e orientada pela área de conhecimento da arquitetura e do urbanismo”.

Do mundo das ideias para o plano das realizações, os projetos do PExURB também têm a função pedagógica essencial de integrar os pilares que fundamentam a USP. “É um grupo que tem a finalidade de envolver alunos em pesquisa, e principalmente fazer a articulação do tripé da universidade pública: pesquisa, ensino e extensão”, diz Tavares.

O professor explica que, especificamente para os alunos de São Carlos, a experiência com projetos de planejamento aplicados pode ser tão enriquecedora quanto uma experiência profissional de estágio na capital paulista, outro polo de ensino de Arquitetura e Urbanismo na USP. “O campo profissional em São Carlos é mais estreito, então criamos uma oportunidade para o aluno ter essas experiências práticas”, afirma.

Tanto para Tavares, quanto para o professor Fantin, a aproximação da Universidade com a gestão pública é crucial também para dar mais a visibilidade à Universidade.

“A extensão é a melhor forma da Universidade ocupar território. Se a USP quer mostrar seu valor para a sociedade, a melhor forma é a extensão”, reforça Fantin. É por meio da extensão que ambos acreditam ser possível formar alunos que compreendam melhor o Brasil e um público que entenda melhor o papel das grandes universidades brasileiras.

“É um diálogo difícil de construir, mas é de fundamental importância para a sobrevivência da universidade pública”, defende o professor Fantin.

Com informações da Assessoria de Comunicação do IAU

Mais informações: site http://www.athis.org.br/project/pexurb/