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São Paulo leva vantagem sobre a Califórnia na seca

DCI - 13 de abril de 2015 1634 Visualizações
 São Paulo leva vantagem sobre a Califórnia na seca
São Paulo - O estado da Califórnia (EUA) enfrenta, há cinco anos, uma das piores secas desde os anos 50, o que tem dificultado o abastecimento nas cidades. O Estado de São Paulo, há dois anos, passa por crise semelhante. Porém, os reservatórios paulistas já começam a se recuperar devido ao regime de chuvas - mesmo com o nível pluviométrico abaixo do esperado. Enquanto isso, os níveis dos mananciais da Califórnia apresentam cons- tante queda.
A conclusão é do professor de engenharia hídrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Antonio Eduardo Giansante. Isso não significa que escapamos da crise acentuada. Mesmo assim, a situação é mais amena se comparada à da Califórnia, explica.
Só nos primeiros 10 dias de abril, o Sistema Cantareira, que abastece metade da Região Metropolitana de São Paulo, registrou nível de chuvas de 11,2 milímetros (mm), o que significa 12,5% do volume total esperado para todo o mês (89,8 mm).
São Paulo é privilegiado pelo seu regime de chuvas e pela grande diversidade de mananciais, nascentes e cursos d'água. Já a Califórnia, de clima árido e altas altitudes, tem menor disponibilidade nos reservatórios. A água subterrânea é responsável por 65% do abastecimento no estado americano.
Giansante afirma que São Paulo é favorável à interligação de sistemas, pela quantidade de mananciais e pelo regime de chuvas no Alto da Serra do Mar, onde fica parte da reserva de água do estado. Essa interligação traz segurança hídrica. Só não estamos passando por crise maior porque já tínhamos conexão entre reservatórios.
 
Soluções
Como a Califórnia tem poucas bacias para interligação e regime de chuvas inconstante, a solução encontrada têm sido o incentivo à economia de água. As cidades têm tentado descobrir maneiras de diminuir 25% do consumo até o próximo ano, meta estabelecida pelo governador Jerry Brown.
A prefeitura de San Diego, por exemplo, divulgou na semana passada uma série de medidas de economia, que inclui redução na água utilizada para regar jardins de parques, praças e campos de golfe e incentivo à substituição de gramados e plantas resistentes à seca.
 
Consumo e investimentos
Segundo Giansante, o controle do consumo deve ser o principal procedimento para situações de crise. Tanto a Califórnia quanto São Paulo mudaram a cobrança da tarifa, com sistema de sobretaxa e bônus para incentivar a economia.
Porém, para o professor, o setor de saneamento no Brasil ainda cobra pouco pelo uso da água, o que corresponde a cerca de 4% da renda de um domicílio. Esse baixo valor, além de não incentivar o consumo, diminui os recursos para grandes investimentos, como sistemas de esgoto e o reúso, afirma.
O engenheiro defende a discussão acerca dos grandes investimentos feitos pelas concessionárias e o seus impactos nas tarifas. Na França, o prestador de serviço de água deve elaborar todo ano um relatório para apresentar aos representantes da população todas as despesas e investimentos realizados, exemplifica.