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Sempre entre as top ten do Estado de São Paulo

- 21 de julho de 2015 1624 Visualizações
Sempre entre as top ten do Estado de São Paulo
Sempre posicionada entre as dez principais economias do Estado de São Paulo, São José dos Campos é um ótimo exemplo de empreendedorismo. A história da industrialização da cidade confirma isso. Os primeiros passos da manufatura regional começam ainda na década de 1920, com a produção de laticínios. O salto qualitativo, no entanto, aconteceria 30 anos depois com a construção da Rodovia Presidente Dutra. Ela abriu as fronteiras e aproximou a cidade das duas maiores metrópoles brasileiras. Nessa mesma década, os fortes investimentos do Governo Federal no setor aeronáutico ampliaram o perfil atual da cidade de polo científico-tecnológico. Essas informações fazem parte do artigo Industrialização em São José dos Campos, SP: uma análise das atividades econômicas do Distrito Industrial das Chácaras Reunidas, de autoria de Gustavo Serra e Adriane de Souza. Na década de 1990, segundo eles, a cidade já tinha se consolidado como polo aeroespacial. 
Apesar da forte participação – tanto que a cidade é considerada o maior centro desse segmento, sendo o Brasil o maior polo do setor no Hemisfério Sul – os dados mais recentes da Prefeitura Municipal indicam que SJC concentraria cerca de 1.659 indústrias, com uma geração direta de empregos superior a 47,5 mil postos. Para a administração da cidade, cinco segmentos definem o setor industrial na cidade (veja box página 50). Outro destaque do ecossistema industrial é o distrito empresarial das Chácaras Reunidas, onde estão concentradas aproximadamente 100 empresas de pequeno e médio porte que atuam em diversos ramos produtivos, incluindo ao aeroespacial, siderurgia, produção de remédios e fabricação de máquinas e equipamentos. Em sua maioria, elas são fornecedoras de peças e equipamentos para as grandes indústrias locais.
Esse círculo virtuoso fica evidente no setor aeroespacial e de defesa, com maior destaque. É o caso da Embraer. Maior fabricante mundial de jatos comerciais, a empresa está na lista como sexta maior exportadora em 2014, de acordo com os dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio). A empresa tem quase 20 mil colaboradores no Brasil e no exterior e atende mais de 85 companhias aéreas de 58 países diferentes. Até dezembro de 2014, a companhia já tinha registrado um lucro de R$ 796 milhões. 
Os resultados da companhia no quarto trimestre de 2014 confirmam que ela atingiu sua meta de entregas para o ano, com 92 aeronaves comerciais e 116 executivas (92 jatos leves e 24 jatos grandes). A receita líquida, por sua vez, bateu a casa dos R$ 14,9 bilhões, sendo que as estimativas para 2015 preveem a entrega entre 95 e 100 jatos na aviação comercial e de outros 80 a 90 jatos no setor executivo. No segmento de Defesa e Segurança, onde também atua, a perspectiva é atingir uma receita entre US$ 1,1 bilhão e US$ 1,25 bilhão. Os valores são factíveis, ao consideramos que a empresa fechou o ano de 2014 com uma carteira de pedidos firmes 15% superior a de 2013. 
Os números sustentáveis da Embraer também reforçam o ecossistema da indústria aeroespacial em São José dos Campos. Um exemplo é a gigante norte-americana Boeing, que em 2014 inaugurou um centro de pesquisa e tecnologia no Parque Tecnológico da cidade. A instalação é o sexto desse tipo que a multinacional cria fora dos Estados Unidos e já funcionava, de forma diferenciada, desde 2013. De acordo com reportagem da revista Exame, a área construída do centro totaliza 450 metros quadrados e o foco de atuação são as pesquisas em biocombustíveis para aviação, gerenciamento de tráfego aéreo, sensoriamento remoto, metais e biomateriais avançados, tecnologias de apoio e serviços. Para a presidente da Boeing Brasil, Donna Hrinak, a iniciativa faz parte do compromisso de longo prazo que a companhia tem com o país.
É importante observar que tanto a Boeing como a Embraer participam em conjunto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) de um esforço para estudo de biocombustíveis para aviação e patrocinaram um estudo detalhado sobre o tema. As lacunas identificadas em vários workshops realizados entre 2012-14, serão estudados no centro específico em São José dos Campos. 
O mesmo ecossistema é observado no caso da Visiona, integradora de sistemas espaciais, joint venture entre a Embraer e a Telebras, empresa de economia mista controlada pelo Governo Federal e com atuação no mercado de telecomunicações. A companhia foi criada em 2012, dentro do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) para atender aos objetivos e às diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE) e da Estratégia Nacional de Defesa (END). O mix de profissionais atuantes engloba egressos da Embraer e do INPE, entre outros. O foco da Visiona é o projeto e produção do Satélite Geoestacionário de Comunicações e Defesa (SGDC) por meio do programa de absorção de tecnologia na França. 
Ainda na área espacial, outro destaque de SJC é a Equatorial Sistemas, pioneira em vários desenvolvimentos do setor, inclusive na criação de micropropulsores acionados por hidrazina. A empresa é forte parceira do INPE, tendo sido contratada pelo Instituto para executar estudos de engenharia de sistemas da nova geração dos satélites sino-brasileiros CBERS 3 & 4. Para esse projeto, a empresa entregou um relatório completo de viabilidade da nova missão que foi usado para gerar as especificações de sistema dos satélites CBERS 3 &4. Outro destaque da companhia é o próprio desenvolvimento do Sater-100, software de analise térmica, considerado o único no gênero. 
No segmento de defesa, a iniciativa da Thales – Omnisys, ao inaugurar um centro tecnológico dentro do Parque Tecnológico em março de 2015, só fortalece o perfil da cidade. A empresa junta-se, no município, a outras companhias do setor como a Avibrás , fundada em 1961 e com quatro instalações no Vale do Paraíba. Entre os produtos fabricados na região, os destaques são os sistemas de defesa ar-terra e terra-terra, veículos aéreos não tripulados e mísseis, com software e hardware desenvolvidos, projetados e integrados na própria empresa. A Mectron é outra que se junta ao time e seu foco são segmentos de alta tecnologia, em especial o de defesa. A companhia fabrica desde radares e subsistemas até mísseis e softwares de simulação. Um ponto importante da sua história é que ela foi criada por meio de uma associação de engenheiros vindos de outras empresas de SJC. A Amazul atua no Programa Nuclear da Marinha (PNM), do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e do Programa Nuclear Brasileiro (PNB) no desenvolvimento do submarino de propulsão nuclear, tecnologia que garante a soberania plena sobre as águas jurisdicionais brasileiras. Novamente, o círculo virtuoso acontece. 
A indústria automobilística é igualmente forte na cidade, com a presença de vários players internacionais. É o caso da Eaton, com a produção de válvulas de admissão e escape para motores de combustão interna. Criada em 1957, ela foi a primeira unidade fora dos Estados Unidos, com a meta de acompanhar o nascente segmento automobilístico brasileiro. Já a General Motors possui um complexo industrial na cidade e também é veterana (1959), tendo fabricado o primeiro motor Chevrolet no país. Também possui uma planta CKD, considerada a única no Brasil para despacho de veículos completamente desmontados para exportações. Os exemplos continuam com a Haldex, especializada em produtos de freio e suspensão, e a Peter Hannifin, fabricante de tecnologias e sistemas de movimento e controle, que fornece soluções de engenharia de precisão para mercados móveis, industriais e aeroespaciais.
A diversificação industrial também acontece no setor de telecomunicações, onde gigantes como a Ericsson e a Huber Suhner ganham espaço. A primeira tem fábrica e centro de treinamento em SJC e tem se destacado como fornecedora global em redes de telecomunicações. Já a Huber Suhner desenvolve e fabrica componentes e soluções de sistema para transporte elétrico e óptico de dados e energia. A empresa atende a clientes dos mercados de comunicação, de transporte e industrial com cabos, conectores, sistemas de cabos, antenas e outros componentes passivos. A brasileira Amplimatic faz parte do grupo dos veteranos, com operação desde 1964. Entre seus produtos estão os cabos coaxiais para uso em redes de TV por assinatura e em circuitos fechados de TV, entre outros segmentos. A Eltek Valere, multinacional com atuação nos mercados de telecomunicações e industrial, é uma presença recente, tendo se transferido de Guarulhos para São José dos Campos em 2011. A empresa localiza-se no distrito industrial Chácaras Reunidas, confirmando a vocação do local como atrativo para o setor industrial. 
Também forte são as áreas química e farmacêutica. A Johnson & Johnson, por exemplo, possui nada menos do que 11 fábricas em SJC, o que significa o maior complexo industrial da multinacional no mundo. A Mexichem, um dos gigantes da química e petroquímica mundiais, tem na cidade uma de suas nove unidades de produção. A Monsanto é outra integrante desse grupo e a fábrica de São José dos Campos, inaugurada em 1976, é responsável pela produção dos herbicidas da família Roundup, voltada ao mercado florestal. A italiana Radicifibras entrou na cidade por meio da aquisição do controle da Unidade Acrílico de São José dos Campos - Crylor, líder desse mercado no Brasil. 
Na área eletro-eletrônica, a presença de empresas como Hitachi Ar Condicionado e Panasonic estão entre os destaques. O segmento metalúrgico conta com companhias do porte da Gerdau e  logístico com a Creagea. Para fechar o circuito, a Refinaria Henrique Lage (Revap), da Petrobras, reforça a pujança econômica de SJC. Inaugurada em 1980, ela controla o Terminal do Vale do Paraíba (Tevap), composto por plataformas de carregamento de caminhões tanques. E está interligada aos terminais de Guarulhos, Guararema e São Sebastião. Trata-se da terceira maior refinaria do país, com capacidade para processar 40 mil m³/d (252.000 barris/dia), equivalente a 14% da produção nacional de derivados de petróleo. Mais importante ainda: a Revap atende todo Vale do Paraíba, Litoral Norte do Estado de São Paulo, Sul de Minas Gerais, Grande São Paulo, Centro-Oeste do Brasil e Sul do Rio de Janeiro. 
 
Comércio diversificado atrai consumidores, inclusive do Sul de Minas
De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos (ACI), Felipe Cury, desde a década de 1960, a cidade desenvolveu-se e se destacou principalmente pelo parque industrial. “Até os anos 1970, a maior fatia do bolo socioeconômico da cidade contemplava a indústria, com 51%, seguido pela área do comércio, com uma fatia bem menor e, por fim, pelo segmento de prestação de serviços”.
Como o tempo, segundo ele, o comércio começou a crescer, pois São José tornou-se um polo regional. Grande parte dos habitantes de outras cidades do Vale do Paraíba, do Sul de Minas Gerais e do norte do Rio de Janeiro passaram a fazer suas compras na cidade. Esse crescimento também propiciou o desenvolvimento da área de serviços. O município sempre teve uma característica forte de empreendedorismo porque, no passado, muitos funcionários que saíram das indústrias e que receberam indenizações passaram a investir em seus próprios negócios – deixando de serem empregados para se tornarem empreendedores.
O dirigente lembra que São José tem um setor muito forte que é o de desenvolvimento tecnológico: “A cidade tornou-se o epicentro da ciência aeroespacial, de todo o hemisfério sul. Temos aqui uma das cinco maiores fábricas de aviões do mundo, a Embraer, que é uma empresa-âncora e que tem gravitando no seu entorno muitas empresas-satélites, gerando grande quantidade de empregos e aprimorando, cada vez mais, o setor de aeropeças”.
“Tivemos também o desenvolvimento muito acentuado da indústria eletroeletrônica”, diz ele. “São José chegou a responder por um terço do volume exportado pelo Estado de São Paulo. Pode-se afirmar, entretanto, que esse êxito não reflete somente os resultados da Embraer, porque o que a empresa aeroespacial exporta corresponde a apenas 26% de tudo o que o município comercializa”, avalia. De acordo com Cury, o restante advém principalmente de produtos eletroeletrônicos, químicos e petroquímicos. “Os produtos que SJC lança ao mundo são muito convenientes ao Brasil, porque possuem alto valor agregado e muita tecnologia incorporada. Nós não exportamos commodities”, completa.
Para ele, setor comercial está consolidado na cidade, tendo havido uma proliferação de supermercados e shoppings centers. Hoje, são cinco grandes shoppings e muitos supermercados de marcas internacionais funcionando “a pleno vapor”. Ao mesmo tempo, o comércio de rua joseense também está se desenvolvendo plenamente. 
O município de São José dos Campos tem, como vantagem, a oferta de mão de obra altamente capacitada, pois está equipado com boas escolas formadoras de profissionais de alta qualidade. Nesse sentido, a cidade tem condições de atrair empresas de tecnologia avançada, de última geração. Além disso, a cidade está localizada numa região privilegiada e estratégica, que tem ótima acessibilidade e logística extremamente favorecida. 
“O porto de São Sebastião está a poucos quilômetros e tem a perspectiva de crescer muito, até porque o porto de Santos já está saturado. Temos a Via Dutra, que melhorou muito de uns tempos para cá”, argumenta o presidente da ACI. “E para que atinjamos o status de intermodalidade de transportes, para o qual temos vocação, precisaríamos que o aeroporto passasse a recebe mais aviões cargueiros e que as ferrovias fossem realmente retomadas”, finaliza.