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SUSTENTABILIDADE

Prédios corporativos na Lapa, zona oeste de São Paulo (SP), investem em sustentabilidade para atrair multinacionais.

por Breno Damascena, Estadão Imóveis - 08 de abril de 2024 260 Visualizações
Prédios corporativos na Lapa, zona oeste de São Paulo (SP), investem em sustentabilidade para atrair multinacionais.

[Imagem: Divulgação/E-business Park]


Em um terreno de 120 mil m² no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo (SP), o E-business Park se propõe a ser um traço de verde na paisagem cinza da maior cidade da América Latina. O complexo empresarial que reúne mais de 30 escritórios de empresas nacionais e multinacionais deu início a instalação de placas de energia solar, promete ter 100% de energia elétrica limpa ainda em 2024 e possui a meta de ser carbono zero até 2030.

Fruto de um retrofit realizado há cerca de 20 anos, o edifício tem a sustentabilidade como um de seus pilares. Entre as iniciativas do edifício estão sistemas de iluminação em LED, carregadores de carros elétricos e coletas seletivas de resíduos. Além disso, o empreendimento possui quase 3 mil árvores catalogadas, entre espécies nativas e exóticas, em uma área verde de 30 mil m².

“Quando começamos o projeto, falava-se pouco de preocupação com o meio ambiente. O conceito de ESG surgiu recentemente. Porém, nós já tínhamos essa atenção. Desde a forma como o ar condicionado seria utilizado até a cor da fachada, para evitar o desperdício de energia”, garante Sidney Angulo, diretor do E-business Park. “Hoje, percebo várias empresas brasileiras com essa preocupação. Antes eram só empresas estrangeiras”.

Sidney Angulo, diretor do complexo empresarial E-business Park, diz que empresas brasileiras estão ficando mais atentas com demandas ESG/ Crédito: Divulgação/E-business Park

A perspectiva de Sidney vai ao encontro de uma tendência do mercado corporativo global de diminuir os rastros negativos que o setor imobiliário gera para o planeta. De acordo com a iniciativa Architecture 2030, este ecossistema é responsável por 42% das emissões de carbono relacionadas à energia. Não à toa, grandes empresas multinacionais já assumiram o compromisso de ocupar apenas edifícios com zero emissão de carbono até 2030.

Paula Casarini, CEO da Colliers, empresa de gestão e comercialização de imóveis corporativos, afirma que é questão de tempo para mais prédios passarem a investir em iniciativas ESG como um diferencial mercadológico. E a justificativa é financeira. “O valor do imóvel é calculado de acordo com a capacidade dele de gerar renda. Não adianta construir um prédio e não dar a ele condições competitivas de gerar lucro”, aponta.

“Quando você pensa em um prédio corporativo de alto padrão, ele necessariamente tem que ter uma certificação LEED. Sem isso, você não consegue o mesmo valor de locação e ele não vai performar tão bem quanto os outros ativos semelhantes”, analisa a executiva.

Em busca da certificação LEED
Desenvolvida pelo US Green Building Council (USGBC), a Certificação LEED é um sistema global de classificação para edifícios sustentáveis. Para receber a qualificação, os prédios precisam atender determinados critérios, de acordo com a categoria em que ele se enquadra. Entre os aspectos observados estão eficiência energética, materiais e recursos utilizados na construção e a qualidade do ar interior.

Esta certificação é buscada por gestoras de fundos imobiliários e empresas multinacionais para atestar empreendimentos que, de fato, apresenta um nível relevante de preocupação ambiental.

O Lotus Prime, prédio corporativo de 5 mil m² construído nas margens do Lago Paranoá, em Brasília (DF), por exemplo, possui duas certificações LEED. “É uma demanda de mercado que nos permitiu fechar negócios com empresas multinacionais”, afirma Lídia Cunha, coordenadora de Sustentabilidade da Lotus, empresa responsável pelo projeto. Atualmente, o edifício é a sede da Delegação da União Europeia no Brasil.

Entre as iniciativas de sustentabilidade adotadas pela construtora Lotus estão a produção de energia fotovoltaica, a adoção de equipamentos e tecnologias para redução do consumo interno e externo de água, a utilização de espécies nativas e o reaproveitamento de água pluvial. “Também realizamos a aquisição de produtos com fornecedores locais, entre outras medidas”, adiciona Lídia.

Indo além do E
A sigla ESG (Environmental, Social e Governance) é utilizada para indicar o conjunto de boas práticas que ajudam a definir se uma organização está atenta às demandas sociais, de sustentabilidade e de governança do mundo de hoje. Enquanto muitos empreendimentos corporativos se apresentam como ESG para conquistar a atenção de fundos de investimento e companhias com essa preocupação, nem sempre todas as letras da sigla são atendidas.

Para Paula, a maior parte dos prédios que se denominam ESG não vão além da preocupação com as questões ambientais. “Prédios e galpões logísticos novos que são pensados desde o início como prédios sustentáveis atingem a certificação LEED, mas falham na parte do S e do G”, contextualiza a executiva. “Temos muitos prédios certificados e inteligentes, agora é hora de ir além da certificação ambiental”, defende.

Ela exemplifica a atenção ao conforto visual, conforto sonoro e o incentivo à prática de exercício físico como iniciativas sociais que os prédios podem adotar para influenciar positivamente a qualidade de vida dos colaboradores. “Já as políticas de governanças podem ser analisadas em relação aos fundos que gerenciam esses prédios”, atesta Paula. “Em comparação à Europa, já estamos próximos no tema sustentabilidade, agora precisamos passar para o ESG completo”, afirma.