O PVC tem conquistado espaço na construção civil como um material estratégico para enfrentar os desafios ambientais. Três características sustentam essa posição: longa vida útil, alta reciclabilidade e eficiência no desempenho. No Brasil, o material ainda apresenta um diferencial competitivo: pode ser produzido a partir de recurso renovável, o que reduz a dependência de insumos fósseis e reforça seu potencial de contribuir para obras mais sustentáveis.

De acordo com estudos do Instituto Brasileiro do PVC (IBPVC), aplicações como tubos, conexões e forros podem durar em média mais de 50 anos, podendo chegar a até 100 anos em alguns sistemas de tubulação. Essa longevidade reduz a necessidade de substituições, diminui a geração de resíduos e aumenta a eficiência no ciclo de vida das construções.

A composição química do material também merece destaque. Cerca de 57% do PVC é derivado do cloro obtido do sal, enquanto os 43% restantes vêm do eteno, que no Brasil pode ser produzido a partir do etanol da cana-de-açúcar, um recurso renovável e amplamente disponível. Essa possibilidade coloca o país entre os poucos no mundo capazes de produzir PVC de origem renovável, ampliando a contribuição do setor para uma economia menos dependente de matérias-primas fósseis.

Outro aspecto central é a reciclabilidade. O PVC é um material reciclável e pode ser reaproveitado em diferentes ciclos, mantendo suas propriedades quando submetido a processos adequados. No Brasil, a reciclagem de plásticos vem avançando de forma consistente. Segundo a ABIPLAST, a taxa de reciclagem de embalagens plásticas atingiu 24,3% em 2023, e a tendência é de crescimento com o fortalecimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos e de iniciativas que envolvem toda a cadeia produtiva. Esse avanço já beneficia a construção civil, que incorpora resina reciclada em diversas aplicações dentro de padrões técnicos e de qualidade.

Os números mais recentes reforçam a relevância do material. A “Análise do Desempenho do Mercado e Acompanhamento de Indicadores Setoriais da Cadeia Produtiva de PVC”, lançada em 2024 pelo IBPVC em parceria com a MaxiQuim, mostrou que a demanda doméstica de PVC no Brasil foi de 1.307 mil toneladas, das quais 62% tiveram como destino a construção civil e 10% foram aplicadas em infraestrutura. O dado evidencia o protagonismo do setor da construção no consumo de PVC, uma tendência também verificada em escala global, onde cerca de 70% da demanda mundial do material se destina a obras de engenharia, arquitetura e edificações.

Essa versatilidade se explica pelas propriedades do material: o PVC pode ser flexível ou rígido, assumir cores variadas e receber aditivos para atender diferentes finalidades. É atóxico, leve, resistente, fácil de instalar e limpar, não propaga chamas, apresenta ótimo isolamento termoacústico, custo-benefício competitivo e, sobretudo, alta durabilidade - atributo fundamental para reduzir impactos ambientais, já que quanto mais tempo um produto permanece em uso, menos energia e recursos são empregados para substituí-lo.

Na prática, a aplicação mais consagrada está em tubos e conexões, que se destacam pela resistência à corrosão e pela alta durabilidade, fatores que contribuem diretamente para evitar perdas de água, recurso cada vez mais escasso em todo o mundo. Esses produtos são utilizados em larga escala em instalações prediais, redes de esgoto, drenagem, irrigação, infraestrutura urbana e também na substituição de sistemas antigos.

Um levantamento complementar do “Estudo Técnico de Utilização do PVC na Indústria da Construção Civil no Brasil”, realizado em 2021 pelo IBPVC — estratificou a participação do material em diferentes aplicações dentro do setor. O destaque ficou com tubos e conexões, que representam 68,6% do consumo de PVC na construção civil, seguidos de forros (10,2%), fios e cabos (6,3%), siding e perfis (4%), divisórias (2,3%), esquadrias e portas (1,7%), pisos vinílicos (1,4%), geomembranas (1,2%), eletrodutos (1,2%), coberturas tensionadas (1%) e outras aplicações abaixo de 1%.

Combinando durabilidade, reciclabilidade e eficiência, o PVC se consolida como um aliado estratégico da construção moderna. Seu uso contribui para reduzir impactos ambientais, promover a economia de recursos e fortalecer a sustentabilidade do setor, demonstrando que inovação e responsabilidade podem caminhar juntas no desenvolvimento urbano brasileiro.