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Retrofit ganha destaque na Conferência Internacional CAU 2025 como estratégia para revitalização urbana
O retrofit foi um dos temas em evidência durante a Conferência Internacional CAU 2025, realizada em Brasília durante os dias 4, 5 e 6 de setembro. Especialistas do Brasil e de Portugal destacaram o potencial dessa estratégia para a requalificação de edifícios e centros urbanos, com foco em conciliar a preservação do patrimônio e a inovação.
O Palco Alvorada recebeu um debate mediado por Gustavo Garrido, presidente da Associação Regional dos Escritórios de Arquitetura de São Paulo (AsBEA-SP), com a participação de Adriana Levisky (Levisky Arquitetos | Estratégia Urbana), José Carlos Martins da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Marcelo Falcão (Somauma) e do arquiteto português Miguel Saraiva, fundador do ateliê Saraiva + Associados.
Segundo os palestrantes, o retrofit deve ser entendido como uma forma de “saúde urbana”, capaz de devolver vitalidade a áreas consolidadas e de valor histórico. O grupo apontou a necessidade de regulamentações mais claras, modelos de financiamento específicos e parcerias público-privadas para viabilizar a recuperação de imóveis ociosos, além do incentivo à economia criativa como motor de transformação dos centros.
Em sua apresentação, Miguel Saraiva ressaltou a importância de unir visão histórica e inovação. “O que precisamos é de uma visão que valorize o passado para projetar o futuro”, afirmou. O arquiteto compartilhou experiências de Lisboa, onde o Plano de Salvaguarda da Baixa Pombalina, a partir de 2011, reverteu o êxodo populacional, atraiu investimentos e renovou a dinâmica urbana. Ele também comparou a realidade portuguesa com a de São Paulo e destacou as diferenças na escala e nos desafios de cada contexto.
Para Saraiva, a reabilitação urbana vai além da recuperação física de edifícios: trata-se de transformar espaços, ressignificar usos e garantir inclusão social. “A cidade só é inclusiva se houver pessoas nela”, reforçou.
Os debatedores também reconheceram a qualidade de projetos brasileiros voltados à reestruturação e preservação, e apontou o potencial do país para avançar nesse campo, mesmo sendo jovem em termos de urbanização. O consenso foi de que o retrofit representa não apenas uma alternativa técnica, mas um caminho estratégico para qualificar as cidades, que promove a vitalidade, segurança e qualidade de vida, sem abrir mão da memória e do patrimônio que as constituem.
Sobre a Conferência Internacional CAU 2025
Na Conferência Internacional CAU 2025, memória, espaço e transformação se conectam para repensar o futuro da arquitetura e do urbanismo. Realizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) em parceria com o American Institute of Architects (AIA) International e o AIA América Latina, o evento conta com 120 palestrantes nacionais e internacionais e recebe mais de três mil participantes.
O evento conta com apoio institucional das entidades do Colegiado das Entidades Nacionais de Arquitetura e Urbanismo (CEAU-CAU/BR): Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP), Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA), Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), a Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (FeNEA) e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).
A iniciativa tem patrocínio diamante da Caixa Econômica Federal (CAIXA) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); patrocínio ouro da Graphisoft Archicad, Lenovo e Total Cad; e patrocínio bronze da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), BIM Fórum Brasil, Rio Books e Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape). Conta também com a parceria da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e diversas entidades do setor.