O projeto de pesquisa “Fatores Determinantes do Processo de Licença Social para Operar e Métricas de Aceitação Social”, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Licença Social em Mineração do Programa de Pós-Graduação em Administração da FEI, foi reconhecido pela Cúria Jesuíta em Roma como uma história de sucesso mundial, destacando-se pela contribuição em unir ciência, ensino e participação comunitária em busca de soluções para a sustentabilidade.
Entre mais de 1.400 trabalhos avaliados de diversos países, a pesquisa chamou atenção pela forma como aproximou universidade, comunidade e empresas. O estudo foi realizado em parceria com a Universidade de Alicante (Espanha) e contou com apoio da Vale.
O coordenador do projeto, professor Jacques Demajorovic, é doutor em Economia e referência em gestão ambiental e sustentabilidade no Brasil. Ele já esteve à frente do primeiro curso de Gestão Ambiental do país (2000) e também do primeiro Bacharelado em Administração com foco em Sustentabilidade. Desde 2010 na FEI, tem trabalhado para ampliar o debate sobre os impactos sociais e ambientais de grandes empreendimentos no país.
O estudo reconhecido pela Cúria Jesuíta foi desenvolvido entre 2018 e 2023, tendo como foco a região de Parauapebas, no Pará, onde está localizado o maior projeto de mineração de ferro em operação no mundo. A pesquisa ouviu 291 moradores de cinco comunidades impactadas pela atividade minerária, além de realizar 70 entrevistas com representantes de comunidades, do poder público e da mineradora. A metodologia combinou abordagem quantitativa, que mediu o nível de aceitação social do projeto, e abordagem qualitativa, que identificou os impactos sociais, econômicos e culturais da mineração no território.
Foram levantados 222 impactos percebidos pelas comunidades, dos quais 75% foram considerados negativos e 25% positivos. Entre eles, questões como perda de atividades econômicas tradicionais, aumento da violência contra mulheres, adolescentes e crianças, mudanças no uso da terra, além de efeitos na renda e no emprego.
De acordo com Demajorovic, o objetivo central foi dar voz às comunidades locais, para que governos e empresas possam planejar políticas e projetos sociais mais alinhados à realidade. “Frequentemente, projetos sociais são implementados sem considerar a cultura e os saberes locais, o que compromete sua efetividade. Nosso trabalho mostra como ouvir as comunidades é fundamental para reduzir impactos negativos e potencializar os benefícios da mineração em territórios frágeis, como a Amazônia”, afirma o professor.
Além das publicações científicas, a equipe promoveu workshops com moradores, seminários abertos à comunidade e atividades de formação com funcionários da Vale, buscando garantir que os resultados fossem amplamente compartilhados.
Para o reitor da FEI, Vagner Bernal Barbeta, a conquista reforça o impacto da produção acadêmica da instituição. “Esse reconhecimento mostra como a pesquisa feita no Brasil pode dialogar com a sociedade e trazer soluções para problemas globais”, afirma.