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A cidadania pisa no asfalto

Nildo Carlos Oliveira - 15 de março de 2016 1173 Visualizações
A cidadania pisa no asfalto
Foram milhões. E, a essa altura, nem sequer é necessário repisar números.  A constatação é de que a cidadania esgotou o estoque de paciência e pisou no asfalto. Inundou orlas, praças e avenidas para dizer que não suporta mais o império da safadeza, da corrupção, da insensatez nos palácios. 

E, de nada adianta o esperneio (até os enforcados têm o direito de espernear) de autoridades, na tentativa de desqualificar o que está à vista: a população avançando, a partir de ônibus, metrô ou outro meio qualquer a fim de se reunir e protestar. Um ministro disse que se tratava de manifestações fragmentadas. Outro, que eram manifestações de elite. Houve até quem, num esforço desequilibrado para fechar os olhos ao que estava vendo, em enxergar ali massas manipuladas por propagandas fascistas. Quem pensou assim está naquela categoria que jocosamente pode ser classificada numa frase do velho Machado: “Ele pensa que pensa, quando apenas transpira”.

A cidadania resolveu pisar firme no asfalto, para protestar, porque está desempregada; não pode mais arcar com as despesas dos filhos nas escolas; porque a saúde está pela hora da morte; porque a inflação galopou; o dólar sobe e desce, e às vezes não desce; porque as empresas – e no caso aqui específico, as empresas de engenharia – estão esfaceladas e com suas equipes – um patrimônio humano e técnico de cada uma – em processo de derretimento. 

Enquanto isso, o governo o que faz?  - Manipula, exercitando a arte do engodo. Muda ministros, embalada pela dança do desespero. Não tem mais como se manter no poder e agarra-se a qualquer galho. Mas o esforço é inútil. 

A cidadania quer que o país retorne aos trilhos. E, conforme disse o professor de Direito Modesto Carvalhosa, dia  14 último, no programa Roda Viva da TV Cultura, ela deve apoiar-se na Lava-Jato para voltar a garantir a decência do povo brasileiro. Disse mais, o jurista: “Nem o governo Sarney tinha o objetivo de promover a corrupção e estruturá-la através de um pacto com as empreiteiras, que forneceriam recursos para garantir poder eterno, como ocorre no petismo”. 

A cidadania quer a continuidade das obras de infraestrutura e de todas as demais dentro de padrões éticos, sem o esbulho dos recursos da população, mediante o aparelhamento de estatais e de órgãos nas diversas instâncias de governo. É isto o que a cidadania, pisando no asfalto, pediu no histórico dia 13 de março de 2016. 
 
 
Notas 
- Aconteceu o previsível. Falhou o leilão que disponibilizava uma fatia da OAS na Invepar, concessionária do aeroporto internacional de Guarulhos. Os interessados não apareceram. 

- Inaugurada no mês passado, está amplamente apoiado pelos usuários o Contorno de Mogi Mirim (2ª fase), trecho rodoviário que retira o tráfego interurbano pesado da SP 147. Ele vinha afetando o trecho urbano da rodovia SP-340.  Na ocasião o governador Geraldo Alckmin considerou o contorno “um grande ganho de infraestrutrura para a região, um trabalho importante para evitar acidente, atrair emprego e promover o desenvolvimento.  Foram investidos nas obras R$ 70 milhões. 

- A Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor) volta a alertar o Ministério dos Transportes que empreiteiras responsáveis por obras de manutenção rodoviária estão com a corda no pescoço. Estariam há 60 e até há 90 dias sem receber os valores devidos por serviços prestados ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). 

Frase do dia
“Não aceitamos que o país continue sangrando economicamente de forma incessante. É preciso que a crise política chegue rapidamente a um desfecho dentro da ordem democrática”. De José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sinduscon-SP.