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Entenda o conceito de permacultura em arquitetura e urbanismo

Blog da Arquitetura - 14 de julho de 2017 1763 Visualizações
Entenda o conceito de permacultura em arquitetura e urbanismo
O homem tem vivido em constante desarmonia com a natureza. Sua inquietação – movida em grande parte pela ganância – têm provocado sérios problemas ambientais. E é impossível voltar no tempo. Não se pode mais continuar acreditando que os recursos são ilimitados e abundantes a todos, isso ficou no passado. Para a sobrevivência das futuras gerações, é necessário que se encontre, já, um ponto de equilíbrio nessa relação entre o consumo e a preservação.
Os impactos negativos sobre a Terra, ocasionados pelas atividades humanas, têm aumentado em velocidade absurda nas últimas décadas. Apenas nos anos setenta é que surgiram os primeiros movimentos ambientalistas. Foi por meio de seus discursos que surgiram novos modelos de vida, que visam à busca pela harmonia máxima entre o homem e a natureza. Um deles é a permacultura – uma forma holística de olhar para o todo, de trabalhar para todos e não apenas para si mesmo.
O que é permacultura?
Permanent agriculture = permaculture
A permacultura também é chamada de ‘cultura sustentável’ ou ‘cultura durável’. Essas expressões estão associadas à ideia de uma vida mais integrada com a natureza. Elas foram apresentadas no início dos anos de 1970 – chegando ao Brasil apenas em 1992 – pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren. Seus estudos têm como base as culturas ancestrais, como as sociedades indígenas, por exemplo. Inicialmente, eram empregados apenas ao planejamento agrário. Atualmente, o conceito ampliou, sob uma ótica mais ecológica, para outras ciências modernas, como engenharia e arquitetura.
“Permacultura é um sistema de design para a criação de ambientes humanos sustentáveis e produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza.”– Bill Mollison.
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Qual o seu conceito?
Trabalhar com a natureza e não contra ela!
Para que haja uma boa convivência entre seres humanos, a permacultura sugere alguns princípios éticos básicos: cuidar das pessoas; cuidar da Terra; e partilhar tudo de forma justa, econômica e sustentável. Acredita-se que seguindo esse conceito é possível planejar melhor a saúde, a educação, a industrialização, os meios de transporte e tudo mais que é necessário para a subsistência, a continuidade e a ordem das civilizações nesse planeta. Mas, como regra geral, a ideia é tentar, ao máximo, aproveitar e reaproveitar os materiais, evitando a criação de coisas desnecessárias.
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Viver em comunidade, de acordo com a permacultura, seria:
– estabelecer uma rotina;
– compartilhar afazeres diários;
– ter hábitos e costumes de vida mais simples e ecológicos;
– trabalhar pelo bem estar coletivo;
– resolver problemas localmente;
– realizar uma troca saudável de conhecimento; e
– usar e valorizar, sempre, a diversidade.
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A permacultura em arquitetura
“Ao tomar um tempo para se envolver com a natureza, podemos projetar soluções que se adequem à nossa situação particular.” – David Holmgren.
Com o passar dos anos, a permacultura passou a englobar o planejamento de sistemas em escala mais humana, como casas, jardins, vilas e comunidades. Acredita-se que as construções deveriam ocasionar o menor impacto possível ao meio ambiente, respeitando os animais e as terras cultivadas. Que elas deveriam aproveitar, adequadamente, a flora local e a água e luz disponíveis. E também conter uma abordagem cultural e filosófica. Tudo isso feito através de um design inteligente e totalmente sistêmico.
A permacultura defende, para a arquitetura, métodos ecológicos, econômicos, que respondam as necessidades básicas dos seres humanos, que empreguem mão-de-obra local, que não prejudiquem o meio ambiente e que se tornem autossuficientes em longo prazo. Exemplos disso são os materiais feitos com matéria-prima reciclada ou do local da própria obra. Também as técnicas construtivas verdes, como os terraços-jardins, que ajudam a combater o surgimento das “ilhas de calor” nas grandes cidades.
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Os princípios da permacultura em arquitetura são:
– criação e coordenação de projetos que visem um futuro mais sustentável;
– obtenção de recursos próprios;
– autonomia e uso de sistemas não poluentes e renováveis;
– redução de resíduos sólidos;
– renovação do ecossistema hídrico e tratamento de efluentes;
– valorização da diversidade; e
– aceitação e adequação às mudanças.
“(…) elaboração, implantação e manutenção de ecossistemas produtivos que mantenham a diversidade, a resistência, e a estabilidade dos ecossistemas naturais, promovendo energia, moradia e alimentação humana de forma harmoniosa com o ambiente.” – Bill Mollison.
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A permacultura no urbanismo
“Sol, vento, pessoas, edifícios, pedras, mar, aves e plantas nos rodeiam. Cooperação com todas essas coisas traz harmonia, a oposição a eles traz desastre e caos. “– Bill Mollison.
Sabe-se que o conceito de permacultura mudou e, hoje, também está envolvido ao planejamento, gestão e estruturação de assentamentos e habitats humanos. Portanto, a permacultura urbana é, simplesmente, a prática da permacultura adaptada ao espaço urbano e, consequentemente, ao contexto residencial. Isso envolve várias questões importantes como, por exemplo, o maior incentivo no uso de transportes individuais e não poluentes, a promoção de espaços públicos e equipamentos para a melhor interação social dos indivíduos, entre outros.
Infelizmente, devido à atual ordem mundial, movida apenas por relações de trocas comerciais e consumo excessivo, é difícil que exista, de fato, uma metrópole baseada amplamente na permacultura. Mas, numa escala menor, pode-se ver, sim, o conceito empregado em áreas individuais ou coletivas do campo urbano – como as hortas caseiras e os “jardins comestíveis”, por exemplo – que ajudam a drenar a água das chuvas e ainda a produzir alimentos.
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Os benefícios da permacultura
Produzir mais do que consumir!
Sendo aplicada na agricultura ou na arquitetura, a permacultura atual marca o surgimento de uma nova geração das, ditas, “comunidades alternativas”. Ela utiliza a terra com amor e respeito, sem desperdícios. Pelo contrário, ajuda a restaurar paisagens degradadas. Também estimula a produção e o consumo consciente, o repartir; a consciência sobre os problemas locais e globais; e a busca por soluções mais viáveis. Em troca, tem-se um ecossistema mais saudável. Não é como recriar o Jardim do Éden, mas é o mais perto que o ser humano contemporâneo pode chegar de um paraíso em vida.