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Brasil terá cerca de 24,2 GW de capacidade eólica instalada até 2024

- 29 de setembro de 2020 1256 Visualizações
Brasil terá cerca de 24,2 GW de capacidade eólica instalada até 2024

Em 2020, a energia eólica alcançou os 16 GW de capacidade instalada de geração. O resultado representa 9,3% de toda a matriz energética brasileira e solidifica essa fonte, que se mantém em segundo lugar entre todas as outras, ficando apenas atrás da geração de energia hídrica, que corresponde a 59% da matriz total. Diante dos resultados positivos, a ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) prevê um crescimento significativo para o setor até 2024, mesmo em anos de pós-pandemia. Até lá, mais 8 GW de capacidade deverão ser acrescentados à matriz energética por meio da geração de energia eólica.

O potencial dessa fonte é grande. Há cerca de 10 anos, o Brasil contava com menos de 1 GW de geração de energia eólica e, atualmente, soma mais de 600 parques e 7.500 aerogeradores em operação. De acordo com a Bloomberg New Energy Finance, ao longo desses 10 anos, mais de US$ 31,3 bilhões foram investidos no setor. “É uma trajetória virtuosa de crescimento sustentável no Brasil, compatível com o desenvolvimento de uma indústria que foi criada praticamente do zero no país, o que foi o grande desafio deste período”, conta Elbia Gannoum, Presidente da ABEEólica.

Elbia explica que a previsão de o país chegar aos 24,2 GW de geração de energia eólica até 2024 é factível. Isso porque as previsões referem-se a contratos viabilizados em leilões já realizados e também no mercado livre de energia, o que quer dizer que há potencial para que os resultados sejam ainda maiores, na medida em que novos leilões poderão adicionar capacidade instalada nos próximos anos. “Claro que, com a pandemia e queda das economias, teremos um período com menor necessidade de contratação de energia e isso deve impactar os próximos leilões, que tendem a ser menores”, pondera a presidente.

Quando o assunto é o potencial eólico, o Brasil é favorecido. Com regiões do país onde os ventos são considerados os melhores do mundo para geração deste tipo de energia, principalmente nos Estados do Nordeste, o potencial de geração chega a 800 GW – para se ter uma comparação, somadas todas as fontes de geração (hídrica, eólica, solar, biomassa etc), o Brasil tem, atualmente, 160 GW de capacidade instalada.
Isso não significa, no entanto, que o país poderá ser inteiramente abastecido por energia eólica. De acordo com Elbia, a matriz de geração brasileira é diversificada e assim deve se manter com tendências de crescimento sempre para as fontes renováveis. “É importante reiterar esse conceito: nossa matriz elétrica tem a admirável qualidade de ser diversificada. Cada fonte tem seus méritos e precisamos de todas, especialmente se considerarmos que a expansão da matriz deve se dar majoritariamente por fontes renováveis. Do lado da energia eólica, o que podemos dizer é que a escolha de sua contratação faz sentido do ponto de vista técnico, social, ambiental e econômico, já que tem sido a mais competitiva nos últimos leilões”, diz.

Em termos de tendências, a ABEEólica destaca o surgimento das recentes discussões sobre a geração de energia eólica offshore. Neste modelo, os aerogeradores são implantados em alto mar e não no solo, como são os nossos parques hoje em dia. Em alto mar, o vento alcança velocidades ainda maiores e em constância, por não existirem “barreiras”. Na Europa, os parques eólicos offshore já são uma realidade e possuem uma capacidade de geração que pode chegar ao dobro em relação aos parques onshore (terrestres).

No Brasil, as agências governamentais estão se mobilizando para avançar nas regulamentações e o IBAMA, responsável por regulamentações ambientais, por exemplo, tem promovido oficinas para a discussão do tema. Com isso, o intuito é construir modelos de normas ambientais que sejam seguros e que estimulem os investimentos na geração de energia eólica offshore. Além disso, a ideia é que conflitos ambientais com outras atividades que compartilham do espaço marítimo, como a pesca e a produção de petróleo, também sejam mitigados.

De olho nesse movimento, já há seis projetos de investidores de offshore em tramitação no IBAMA aguardando as licenças.

A longo prazo, a energia solar também se destaca

Ao se falar de geração de energia a longo prazo, o destaque vai para a energia solar. Estima-se que, em 2040, este tipo de geração de energia seja predominante no Brasil, superando até mesmo a geração hídrica.

Essa estimativa se deve, de acordo com Bárbara Rubim, vice-presidente de Geração Distribuída da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), pelas características de geração dessa fonte.

Como exemplo de diferencial, a energia solar é modular, o que permite que o usuário instale uma usina menor e depois amplie sem grandes complicações. Outra característica vantajosa em relação às outras fontes é a viabilidade econômica, principalmente quando se quer gerar potências mais baixas – o investimento de instalação tende a ser menor que de outras fontes, como a própria energia eólica. Além disso, não há limitação de recursos quando se fala em energia solar, assim como há no caso de geração por biogás ou biomassa, em que se depende de locais específicos para acessá-la.

Para alcançar a ambiciosa meta de dominar a matriz energética, no entanto, o setor precisará passar por alguns desafios no Brasil, que vão desde políticas públicas mais efetivas até os desafios técnicos. “Nós precisamos ter um pouco mais de previsibilidade do ponto de vista da geração centralizada e da realização de leilões para que a cadeia produtiva consiga planejar os investimentos”, explica Bárbara. “E na geração distribuída, a gente precisa ter um marco legal para dar estabilidade para o setor, que é a discussão que temos visto desde meados de 2018”, complementa.

Nesse sentido, a medida do Governo Federal, imposta em julho deste ano e que isenta as alíquotas de impostos das importações de equipamentos para geração de energia solar é vista com bons olhos. A medida, que é válida até o final de 2021, deve favorecer a instalação de empreendimentos deste tipo no país.

A ABSOLAR não esteve envolvida nessa medida, mas Bárbara ressalta que não são todos os equipamentos de geração de energia solar contemplados pela medida. “São vários os produtos que estão na lista, mas, antes de qualquer medida, o consumidor deve verificar se os equipamentos que ele pretende adquirir estão inclusos no ex-tarifário porque vários deles são destinados a usinas de maior porte (geração centralizada)”, diz ela. Para os empreendimentos que conseguirem se valer dessa isenção, espera-se que haja uma queda de preço de cerca de 6%, considerando uma situação em que o dólar se mantenha estável.

Na questão técnica, Bárbara reforça que não há desafios tecnológicos diretamente ligados à geração fotovoltaica, mas sim aos novos sistemas que podem integrá-la, tais como baterias e o desenvolvimento de usinas híbridas. É nesta hora, de transformações no setor, que os profissionais de engenharia se destacam, de acordo com a especialista. “O desafio técnico é integrar melhor todas as novidades tecnológicas que estão surgindo”, diz.

“Acho que a engenharia é um dos principais setores quando falamos sobre energia e sua geração de maneira geral. Então, sempre tem muita oportunidade, tanto para quem é da área quanto para o desenvolvimento do setor”, finaliza.