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Projetar com base no microclima minimiza patologias

Informativo Massa Cinzenta Cimento Itambé - 06 de julho de 2017 1330 Visualizações
Projetar com base no microclima minimiza patologias
Cidade de Roma, pelo Google Earth: Eurocode foi atualizado para considerar o microclima na Europa 
Estações meteorológicas costumam passar o macroclima de uma região em um raio que se estende até 200 quilômetros. Na maioria das vezes, são essas variáveis que balizam os projetos. Está errado? Não, mas o ideal é que projetos – principalmente os estruturais e de fachada – levem em consideração o microclima em que a edificação será construída. É esse universo, em um raio inferior a um quilômetro, que fornecerá informações importantes para que a obra venha a evitar patologias causadas pela ação dos ventos, das chuvas, da insolação e do frio.
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Maryangela Lima: não se pode pensar em vida útil da obra sem considerar o microclima que a envolve
A partir de detalhes climáticos mais minuciosos é possível buscar soluções arquitetônicas menos vulneráveis a patologias, explica a professora-doutora em engenharia civil do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), Maryangela Lima. “O microclima impacta na precisão do modelo para o projeto. Ele permite medir a temperatura que incide na minha parede, aumentando a precisão. O microclima é o que realmente impacta na obra, e pode sofrer influências que vão desde um aglomerado de árvores até um aglomerado de construções”, resume.
A palestra de Maryangela Lima, que é especialista em estruturas e edificações, ocorreu no Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, promovido recentemente pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Em sua explanação, a engenheira civil do ITA explicou que o estudo do microclima em que a obra estará inserida influencia tanto na relação água-cimento, para a composição do concreto, quanto na especificação do cobrimento mínimo da armadura. “Tudo é definido pelos parâmetros ambientais que vão envolver as estruturas”, diz.
Parâmetros ambientais
Os parâmetros ambientais englobam riscos como chuva ácida – comum, por exemplo, em determinadas regiões da cidade de São Paulo, onde o ph da água pode variar de 4.5 a 5 -, ventos, insolação e o fenômeno conhecido como chuva dirigida. Trata-se da chuva com vento, que incide na fachada da edificação. Esse parâmetro ambiental causa influência na posição do prédio dentro do terreno e impacta diretamente no projeto de revestimento. “Através do estudo do microclima, é possível definir se a obra está em uma área protegida ou de risco moderado, alto ou severo, em relação à chuva dirigida”, revela Maryangela Lima.
A engenheira do ITA afirma que, em tempos de sustentabilidade, não há como ignorar o impacto do microclima na durabilidade da obra. “Considerar o microclima é decisivo para que uma obra possa ser bem feita”, destaca, ressaltando que as normas técnicas brasileiras precisam estar atentas a isso. Maryangela Lima comenta que o Eurocode – conjuntos de normas que regem a construção civil na Europa – foi adaptado para levar em conta o microclima que envolve a obra, o que influencia na definição de vida útil de várias estruturas. “Na Europa, estruturas temporárias devem ser projetadas para durar, no mínimo, 5 anos. Já as substituíveis têm prazo mínimo de 25 anos. Edifícios e obras de arte (pontes, viadutos e túneis) devem se estender de 50 anos a 120 anos. Isso é projetar pensando em sustentabilidade”, finaliza.
Entrevistada
Maryangela Lima, professora-doutora em engenheira civil e especialista em estruturas e edificações da divisão de engenharia civil do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica)
Contato
magdlima@ita.br
Crédito Fotos: Cia de Cimento Itambé e Google Earth
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 233